Além de suplicar por uma determinação do ex-presidente Jair Bolsonaro por uma intervenção militar, o coronel Jean Lawand Júnior citou o apoio de outros militares para sustentar o aval das Forças Armadas a um golpe para reverter o resultado das eleições de 2022.
Os contatos de Lawand, que ocupa um cargo do Estado-Maior do Exército, se deram com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Reveladas pepal revista Veja, as mensagens foram encontradas pela Polícia Federal no telefone celular de Cid, que está preso desde o dia 3 de maio.
Um dos militares mencionados por Lawand é o general de divisão Edson Skora Rosty, à época subcomandante de Operações Terrestres. O coronel repassou a Mauro Cid uma mensagem na qual um “amigo do Quartel-General”, sem detalhar o nome, dizia ter conversado com Rosty sobre o apoio do Exército a uma intervenção.
“Meu amigo, na saída do QG encontro bom [com] o ROSTY, SCmt COTER. Foi uma conversa longa, mas para resumir, se o EB [Exército Brasileiro] receber a ordem, cumpre prontamente. De moto [modo] próprio o EB nada vai fazer porque será visto como golpe. Então, está nas mãos do PR [presidente da República, Jair Bolsonaro]”, repassou Lawand a Cid no dia 2 de dezembro.
Questionado pela matéria de Marcela Mattos, Robson Bonin, Laryssa Borge, da revista, o general Edson Rosty diz não se lembrar da conversa repassada por Lawand.
“Eu não sei o que se trata. E um cara, que não se sabe quem, disse que conversou comigo na saída do QG. Eu já começo a achar isso difícil, porque quando eu frequentava o QG eu tinha viatura funcional, dificilmente estaria conversando com alguém na saída. Isso não é coerente. Aí esse cara falou com o Lawand, que disse, que disse… Uma fofoquinha de quem falou”, afirmou o general.
Ele ressaltou que, apesar de considerar difícil a conversa ter acontecido na circunstância relatada, o que teria sido dito é algo apenas “coerente”.
“Você acha que o Exército, por iniciativa própria, vai atuar em alguma intervenção? Não. Esqueça esse fato de agora. Porque a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro foi o Exército que fez, não foi? Houve uma ordem, o apoio governamental, caracterizada pela Garantia da Lei e da Ordem. Então o teor dessa conversa que você está dizendo nada mais é do que a Legislação certa”, afirma.
O general disse ainda desconhecer a investigação em andamento e afirmou que até o momento não foi acionado ou chamado a prestar outros esclarecimentos.