Intensificação dos bombardeios israelenses força deslocamento de milhares no sul da Faixa de Gaza; Agência da ONU de Assistência Refugiados Palestinos, Unrwa, relata aumento para 189 no número de funcionários mortos; violência exacerbou insegurança alimentar e escassez de ajuda humanitária; ONU precisa de US$ 2,8 bilhões para resposta humanitária na Palestina.
Agência da ONU de Assistência Refugiados Palestinos, Unrwa, estima que cerca 360 mil pessoas fugiram de Rafah, cidade ao sul da Faixa de Gaza, ao longo da última semana com a intensificação dos bombardeios israelenses na região.
Segundo relatos, além de interromper as entregas de ajuda humanitária, a violência resultou na morte de outro funcionário da ONU. A Unrwa alertou ainda que a restrição ao acesso humanitário agrava a situação para os habitantes de Gaza que sofrem com combates e insegurança alimentar.
Ofensiva militar israelense em Rafah
Há uma semana, Israel avançou com sua ofensiva militar em Rafah, assumindo o controle do lado de Gaza da passagem de fronteira de Rafah e Kerem Shalom. Para seguir com a reposta humanitária na região, a Unrwa destaca que precisa de passagem segura para a ajuda humanitária e trabalhadores.
Além da violência no sul do enclave, ainda há relatos de confrontos e bombardeios no campo de refugiados de Jabalia, na área norte. Em suas redes sociais, a agência ressaltou que os bombardeios e outras ordens de evacuação criaram mais deslocamento e medo para milhares de famílias.
A Unrwa avalia que não existem abrigos seguros dentro do enclave, destacando que a única garantia de segurança para os civis seria com a implementação de um cessar-fogo.
Financiamento
A ONU destacou novamente seu apelo de US$ 2,8 bilhões para apoiar mais de 3 milhões de pessoas em Gaza e na Cisjordânia nos próximos oito meses.
A secretária-geral assistente para Assuntos Humanitários e Coordenadora Adjunta de Assistência Emergencial, Joyce Msuya, reforçou que “durante meses, mulheres e crianças foram mortas em um ritmo que excede o de qualquer guerra neste século”.
Ela adiciona que os que sobreviveram estão em risco devido à falta de alimentos, água potável, remédios e assistência médica. Falando do Kuwait, Msuya descreveu como todos os dias “dezenas de mulheres dão à luz em condições horríveis, muitas vezes sem anestesia ou assistência médica, enquanto bombas explodem ao seu redor”.
Após mais de sete meses de guerra, pelo menos 35 mil pessoas foram mortas, de acordo com as autoridades de saúde de Gaza. Outras 70 mil estão feridas ou desaparecidas, e muitas outras estão presas sob os escombros.
Ajuda para Palestina
Para o Escritório da ONU de Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, o financiamento contínuo é necessário com urgência para ajudar aqueles que dependem da ajuda humanitária para sobreviver. O Ocha destaca que mesmo sem um cessar-fogo, muito pode ser feito, dadas as condições certas.
Joyce Msuya observou que o escritório segue em negociações diárias de acesso com as partes do conflito.
Nesta segunda-feira, o Ocha relatou novas demolições de edifícios palestinos no campo de Al’Arrub, na província de Hebron, na Cisjordânia. Os dados mais recentes indicam que 435 estruturas foram danificadas ou destruídas em toda a Cisjordânia até o momento este ano, deslocando 824 pessoas.