Na passagem de Rafah, no Egito, António Guterres, chega à fronteira com Gaza; Nações Unidas enfatizam operação contínua para salvar vidas; região enfrenta carência de combustível, alimentos e medicamentos há quase duas semanas, com apelo ao cessar-fogo humanitário.
Os trabalhadores humanitários da ONU afirmam que um acordo para permitir a entrega de ajuda na fronteira de Gaza deve acontecer em breve. Nesta sexta-feira, o chefe da ONU, António Guterres, chegou ao cruzamento de Rafah, destacando a urgência de agilizar o processo de ajuda.
Em seu discurso, enquanto estava do lado egípcio do muro, ele falou sobre os 2 milhões de pessoas presas sem suprimentos adequados por quase duas semanas. Guterres destacou que é absolutamente necessário que esses caminhões se movam o mais rapidamente possível e na quantidade necessária, mas para isso é preciso um esforço contínuo. Para o chefe da ONU, os caminhões devem entrar “todos os dias para fornecer apoio suficiente ao povo de Gaza.”
Entre a vida e a morte
Em declarações a repórteres na fronteira entre o Egito e Gaza, compartilhadas nas redes sociais pela equipe da ONU no Egito, o secretário-geral destacou que os comboios carregados com alimentos e medicamentos representam “a diferença entre a vida e a morte”.
Durante uma coletiva de imprensa em Genebra na manhã de sexta-feira, Jens Laerke, porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU, Ocha, informou que estão em negociações avançadas com todas as partes relevantes para garantir que uma operação de ajuda em Gaza comece o mais rápido possível e nas condições apropriadas.
Ele acrescentou que os relatos de que as partes envolvidas estão próximas de um acordo sobre os detalhes operacionais, com a primeira entrega prevista para os próximos dias, são fonte de encorajamento.
Operação contínua
O porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, enfatizou nas redes sociais que a ONU está concentrando todos os seus esforços em uma “operação contínua para entregar ajuda humanitária essencial ao povo de Gaza”.
Há quase duas semanas, o enclave ficou sem qualquer envio de combustível, alimentos, água e medicamentos. Nos últimos dias, o chefe da ONU pediu um cessar-fogo humanitário e acesso “rápido e desimpedido” à ajuda.
Crescimento do número de mortos
Em uma atualização após 13 dias de violência, o Ocha informou que, de acordo com as autoridades de facto do enclave, o número de mortos na Faixa de Gaza já é superior a 3,7 mil, incluindo pelo menos 1,5 mil crianças, enquanto mais de 12 mil pessoas ficaram feridas.
O Ocha afirmou que há vítimas presas sob os escombros, à medida que os “bombardeios incessantes” no território continuam.
O Escritório da Assuntos Humanitários também informou que, desde 7 de outubro, 1,4 mil pessoas foram mortas em Israel e mais de 4,6 mil ficaram feridas, de acordo com fontes oficiais israelenses.
Pelo menos 203 pessoas estão detidas em Gaza, incluindo israelenses e estrangeiros, segundo estimativas israelenses.
Guterres pediu repetidamente para que o Hamas liberte os reféns “imediatamente e incondicionalmente”. O escritório de direitos humanos da ONU destacou que a tomada de reféns é proibida pelo direito internacional.
Ataques contra Palestinos na Cisjordânia
Enquanto isso, na Cisjordânia ocupada, o Ocha relatou que 79 palestinos, incluindo 20 crianças, foram mortos por forças israelenses desde 7 de outubro.
Segundo a mídia israelense, também houve a morte de um soldado israelense pelas mãos de palestinos.
Pelo menos 74 famílias palestinas, totalizando 545 pessoas, mais da metade das quais são crianças, foram deslocadas de 13 comunidades “em meio a um aumento da violência por colonos e restrições de acesso intensificadas”, de acordo com o Ocha.
O escritório de direitos humanos da ONU expressou alarme na sexta-feira com a “rápida deterioração da situação de direitos humanos na Cisjordânia ocupada e o aumento no uso ilegal de força letal”.
A porta-voz Ravina Shamdasani afirmou que houve um aumento de prisões arbitrárias de palestinos na Cisjordânia ocupada e de árabes israelenses em Israel, “com relatos de maus-tratos e falta de devido processo”.
“Isso deve parar”, ela insistiu.
Shamdasani também disse que o chefe de direitos humanos da ONU, Volker Türk, enfatizou que todas as partes devem respeitar o direito internacional dos direitos humanos e o direito internacional humanitário, e que “os princípios de necessidade, distinção, proporcionalidade e precauções em ataques devem ser respeitados o tempo todo por todos”.