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sexta-feira 14 de fevereiro de 2025 às 19:25h

Gastos militares crescem no mundo; EUA ainda mantêm 40% do total

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Todo ano os militares brasileiros se queixam da falta de recursos para sua área. O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025, que deve ser votado em março pelo Congresso, prevê um aumento real de 0,8% nos recursos destinados ao Ministério da Defesa em relação a 2024 – os valores foram atualizados pela inflação –, passando de R$ 135,29 bilhões para R$ 136,45 bilhões.

O Leopard 1, principal carro de combate do Exército, durante treinamento no Rio Grande do Sul; Força quer substituir sua frota
O Leopard 1, principal carro de combate do Exército, durante treinamento no Rio Grande do Sul; Força quer substituir sua frota Foto: Exército Brasileiro

Os números totais incluem os gastos com custeio, salários e com investimentos. Quando analisado separadamente, os recursos reservados na rubrica “Defesa Nacional”, que concentra os investimentos da Pasta, devem cair 1% em 2025 ante o ano anterior, passando de R$ 14,89 bilhões para R$ 14,73 bilhões (valores atualizados pelo INPC).

Esse movimento vai em sentido oposto ao observado no mundo, que registra desde 2022 aumentos contínuos de gastos com a defesa, conforme demonstrou relatório publicado no último dia 12 pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês), de Londres.

E aqui, as reclamações tradicionais dos militares brasileiros ganham um novo aliado: o novo contexto geopolítico mundial, exposto pelas guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, que se aprofundou com a posse de Donald Trump, onde antigos aliados se veem ameaçados pela nova e assertiva política externa americana. O Brasil precisaria acompanhar o que está acontecendo no mundo.

Por enquanto, é cedo para verificar os efeitos da novo mandato de Trump. Segundo explicou Bastian Giegerich, diretor-geral, do IISS, foi a continuação da guerra na Europa (Ucrânia) que intensificou a competição estratégica entre as potências militares, provocando o aumento de 7,4% dos gastos em defesa no mundo. Tudo indica que a tendência de aumento deve se manter neste ano.

Lança foguetes russo Hurricane dispara contra posições ucranianas na região de Kursk

Lança foguetes russo Hurricane dispara contra posições ucranianas na região de Kursk Foto: Ministério da Defesa Russo/AP

No caso do Brasil, os gastos com a Defesa em 2024 cresceram apenas 0,05% em relação a 2023 (R$ 135,21 bilhões, em valores atualizados). Mas os recursos orçamentários para investimentos no ano passado haviam recebido um acréscimo de 6,3% em comparação com 2023, passando de R$ 13,8 bilhões para R$ 14,7 bilhões.

Como termo de comparação, esses valores deixam o Brasil fora do ranking das 15 nações que mais gastaram com defesa em 2024, de acordo com o ranking do IISS. Os EUA lideram a lista com US$ 968 bilhões gastos na área – 39,3% de todo o dinheiro gasto no setor no mundo. China (US$ 235 bilhões) e Rússia (US$ 145,9 bilhões) somadas gastaram apenas 36,8% do que os americanos colocaram no setor.

Ao todo, os países gastaram US$ 2,6 trilhões em 2024 ante US$ 2,24 trilhões em 2023, um ano que já havia registrado um crescimento de 6,5% do dinheiro alocado para o setor em relação a 2022, quando crescimento ante 2021 havia sido de 3,5%. De acordo com o ISS, todas as regiões do Planeta, exceto a África Subsaariana, cresceram seus gastos em termos reais em 2024.

Outro dado importante exposto pelo instituto é que, “como proporção do PIB, os gastos globais aumentaram de uma média de 1,59% em 2022 para 1,80% em 2023 e 1,94% em 2024″. No caso brasileiro, os gastos com o setor não chegam a 1,1% do PIB. Sua inconstância levou às Forças Armadas a apoiarem a PEC que prevê a previsibilidade dos gastos no setor, atrelando-os a uma fatia fixa do PIB, próxima dos 2%.

O relatório do IISS mostra ainda que quem mais aumentou seus gastos em 2024 foi a Rússia, que os viu crescerem 41,9% em relação a 2023 – ela perdeu 1,4 mil tanques pesados na Ucrânia em 2024, somando 4 mil perdas em toda a guerra.

Já o crescimento dos gastos europeus com defesa chegou a 11,7% em termos reais em 2024. O mais significativo deles foi o alemão, que atingiu um aumento real de 23,2% no orçamento ante 2023, tornando-se o 4º maior orçamento de defesa do mundo. Já a Polônia ocupa o 15.º lugar no ranking global, ante 20º lugar em 2022.

Sobre a China, disse o IISS: “O orçamento de defesa da China cresceu 7,4% em termos reais, superando a média regional mais ampla de 3,9%, apesar dos aumentos significativos nos orçamentos japonês e indonésio. No entanto, aumentos mais fortes em outras regiões significaram que a participação da Ásia nos gastos globais caiu para 21,7% em 2024, de 25,9% em 2021.”

Militares americanos recebem de colegas brasileiros instrução de combate na selva em Belém antes de seguirem para o Amapá para a Operação CORE 23
Militares americanos recebem de colegas brasileiros instrução de combate na selva em Belém antes de seguirem para o Amapá para a Operação CORE 23 Foto: Comando Militar do Norte/Divulgação

Para o IISS, “à medida que os estados gastam mais, há preocupação de que os orçamentos nacionais sejam insuficientes para suportar o aumento da produção”. Como resultado, segundo o instituto, “há atenção crescente em métodos alternativos de financiamento”. E conclui: “Outro desafio para a Europa e os parceiros dos EUA no Oriente Médio é a provável mudança no foco de Washington no segundo mandato de Trump em direção ao Leste Asiático e à China”.

Entre os principais investimentos previstos em 2025 para as Forças Armadas brasileiras, segundo o relatório do deputado Dagoberto Nogueira (PSDB-MS), responsável pela área temática da Defesa no PLOA 2025, estarão a construção das fragatas da Marinha da classe Tamandaré (R$ 2,5 bilhões), a aquisição de novos caças Gripen (R$ 1,4 bilhão), a construção de submarinos convencionais e nuclear (R$ 975 milhões), a compra de aviões KC-390 (R$ 627 milhões), a renovação dos blindados do Exército (R$ 622 milhões), que pretende renovar toda sua frota, entre os quais os carros de combate Leopard 1A1 e M-60.

Duas outras prioridades para a garantia da soberania do País não estão citados entre as ações de destaque do MD: a conclusão do Míssil Tático de Cruzeiro (MTC-300) e a aquisição de um sistema de artilharia antiaérea de média altura, fundamentais para a garantia da soberania do País.

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