O preço da gasolina no Brasil deveria estar até 7% mais barato, ou R$ 0,20, diante da queda do petróleo no cenário internacional nas últimas semanas, e que está atualmente em cerca de US$ 70 o barril, e as oscilações do dólar sobre o real, cotado atualmente em cerca de R$ 5,65, segundo avaliação da Archer Consulting.
“O mercado internacional está apontando para um preço (da gasolina) na refinaria em R$ 2,99 e a Petrobras está cobrando R$ 3,20. Isso significa que essa queda do petróleo vai ser logo mais refletida nos preços do combustível ao consumidor”, disse ao Notícias Agrícolas Arnaldo Luiz Corrêa, diretor da Archer.
Na última semana, o petróleo chegou a recuar mais de 10% nas bolsas externas, ficando em cerca de US$ 70 o barril, em meio temores com a variante da Covid-19, ômicron. Nesta sexta-feira, o óleo subia levemente nas bolsas externas em ajustes e melhor assimilação das preocupações com a nova cepa do coronavírus.
Somente no acumulado deste ano, o WTI e o Brent subiram cerca de 45%.
O principal contrato da gasolina RBOB na New York Mercantile Exchange (NYMEX) operava na tarde desta sexta-feira em cerca de US$ 1,97 o galão (3,78 litros). Na conversão cambial, com um dólar no Brasil em R$ 5,65, o preço da gasolina ficaria em R$ 2,90 o litro, bem abaixo dos R$ 3,19 praticados pela Petrobras.
Neste ano, a gasolina na NYMEX já saltou quase 60%.
“Com o real ligeiramente mais forte em relação ao dólar (na última semana) e a gasolina despencando lá fora, a tendência é que a Petrobras já possa ter preços mais baratos”, ressaltou Corrêa sobre a movimentação de preços. “A Petrobras, hoje, tem condições de baixar o preço da gasolina em mais de R$ 0,20”, ressaltou o analista.
O último reajuste de preço da companhia para a gasolina foi em 25 de outubro, com elevação de 7%, saindo de R$ 2,98 para os quase R$ 3,20, sem contar a distribuição e os impostos.
Procurada pelo Notícias Agrícolas, a Petrobras disse através de sua assessoria de comunicação que “não adianta novas alterações de preço”.
Na última semana, o preço médio da gasolina nos postos ficou em R$ 6,749 e o etanol em 5,395, com queda ante o período anterior, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Uma semana antes da última apuração da ANP finalizada em 27 de novembro, o preço da gasolina nos postos do Brasil, em média, estava cerca de 0,04% mais caro e o etanol 0,35%.
Com a tendência de queda da gasolina, os preços do etanol no Brasil também tendem a recuar, segundo as análises da Archer Consulting, já que o biocombustível no país é função da gasolina que, por sua vez, segue as oscilações do petróleo no cenário internacional e as variações do dólar ante o real brasileiro.
“Isso acontecendo (queda do preço da gasolina), o hidratado tem que se ajustar no mesmo rumo”, considera Corrêa. As oscilações de preço do petróleo e seus derivados são importantes para usinas brasileiras porque balizam as decisões das unidades sobre um mix mais açucareiro ou foco no açúcar dependendo da rentabilidade.
“As usinas temem que preços, antes excelentes, empatem com o custo de produção (em algumas unidades o salto foi de 40%)”, disse Corrêa. Para ele, o mix de 50% irá permanecer até que a nova safra comece a ser colhida e moída.