A construção de um gasoduto entre a França e a Espanha não é uma prioridade para o governo francês, que considera os desafios energéticos antes do inverno mais urgentes, disse no último sábado (3) o ministro da Economia francês, Bruno Le Maire.
“O desafio de curto prazo é ter mais gás, mais eletricidade que vem de outros países do que a Rússia (…) Não tenho certeza de que um novo gasoduto possa nos ajudar no inverno”, disse ele a repórteres em Cernobbio , no norte da Itália, à margem do fórum econômico The European House – Ambrosetti.
O chanceler alemão Olaf Scholz reiterou na terça-feira seu apoio à construção de um gasoduto através dos Pirineus para “melhorar as interligações da rede de gás” na Europa, em meio a uma crise energética devido à invasão russa da Ucrânia.
O projeto, batizado de Midcat – abreviação de Midi (sul da França) e Catalunha (nordeste da Espanha), as duas regiões que conectaria – permitiria à Espanha, mas também a Portugal, transportar gás, na forma de GNL (gás natural liquefeito ) vindos dos Estados Unidos ou do Catar, para a Europa Central, através da França.
O projeto, lançado em 2013, foi abandonado em 2019 devido ao seu impacto ambiental e baixo interesse econômico, mas a guerra na Ucrânia e as ameaças russas de interromper o fornecimento de gás à UE trouxeram a questão de volta à mesa.
“O desafio agora, para o mundo inteiro, para a Itália, Alemanha e França, é passar pelo próximo inverno sem afetar muito nossa economia e nossos lares”, insistiu Le Maire.
“Antes de pensar em um investimento de longo prazo, vamos nos concentrar nos desafios que teremos que enfrentar no próximo inverno”, ressaltou.
“Eletricidade e hidrogênio me parecem mais promissores do que um novo gasoduto, porque queremos apostar na energia descarbonizada”, explicou.