Há algum tempo, um objeto celeste misterioso gerou debate entre astrônomos. Em estudo publicado no jornal acadêmico The Astrophysical Journal, as características do objeto foram descritas e afirmadas como sendo a de uma galáxia.
O jovem sistema gravitacionalmente ligado possui uma velocidade intensa de formação de estrelas (1.000 vezes a taxa apresentada pela Via Láctea), é um corpo escuro, compacto e que só pode ser observado com o auxílio do telescópio Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) — cuja tecnologia avançada possibilita analisar a luz dos objetos mais frios do Universo.
Por se tratar de uma galáxia com essas características, o objeto se torna quase invisível, o que dificultou a identificação dele. Apesar disso, o maior projeto astronômico terrestre, localizado nos Andes chilenos, permitiu a observação a partir da lente gravitacional, “desvendando” um objeto bem enigmático.
Essa técnina é uma espécie de efeito lupa, e se relaciona com a Teoria da Relatividade, de Albert Einstein. Tal princípio explica como funcionou a observação da nova galáxia, na qual os objetos com grandes massas distorcem a luz vinda de fontes mais distantes — quanto maior o objeto, mais dramática a curvatura. Com isso, as imagens são ampliadas, o que permite análises mais precisas.
“Dessa forma, grandes corpos celestes atuam como uma espécie de enorme lente cósmica que faz com que as galáxias de ‘fundo’ pareçam maiores e mais brilhantes, permitindo que sejam identificadas e estudadas”, explicou o astrofísico Marika Giulietti, ao site Popular Mechanics.
O co-autor do estudo e líder do grupo de pesquisa destacou a importância da nova descoberta: “Galáxias distantes, jovens, compactas, caracterizadas por vigorosa formação de estrelas, e em grande parte obscurecidas por poeira, e que possuem um riquíssimo reservatório de gás, são precursores das galáxias quiescentes massivas, que vemos no Universo local e, portanto, fornecem informações muito valiosas sobre os processos que levam à formação e evolução dessas estruturas durante a história do Cosmos”.
A equipe responsável pelo estudo também acredita que em um futuro próximo seja possível que o telescópio espacial James Webb traga novas informações e características do corpo celeste.