O Japão anunciou, nesta segunda-feira (29), o fechamento de suas fronteiras a todos os visitantes estrangeiros para frear a variante Ômicron da Covid-19 e, durante o dia, os ministros da Saúde do G7 se reunirão em caráter de urgência para tentar estabelecer uma estratégia comum diante do avanço da pandemia.
Três semanas após flexibilizar algumas restrições, o Japão decidiu implantar controles rígidos de fronteira, algo que muitos consideram coisa do passado.
A variante Ômicron, detectada inicialmente no sul da África, já está presente em vários países. Nesta segunda-feira, os ministros da Saúde do G7 (França, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido) se reunirão “para discutir a evolução da situação sobre a Ômicron”, em um encontro organizado em caráter de urgência em Londres, que tem a presidência temporária do grupo.
Com mais de 5 milhões de mortes em todo o mundo desde que a pandemia foi declarada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considerou preocupante a Ômicron.
“Sabemos que estamos em uma corrida contra o tempo”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, antes de destacar que os fabricantes de vacinas precisam de “duas a três semanas” para avaliar se os imunizantes existentes continuam sendo eficazes contra a nova variante.
Vários países adotaram restrições para viajantes procedentes do sul da África, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Indonésia, Arábia Saudita, Kuwait e Holanda.
Dano econômico
O presidente sul-africano Cyril Ramaphosa pediu no último domingo (28) que os países suspendam as restrições. Ele justificou o pedido dizendo: “Antes que [as restrições] provoquem mais danos a nossas economias”.
Na mesma linha, Matshidiso Moeti, diretor da OMS para a África, fez um apelo aos países para que priorizem a ciência em vez de impor restrições de voo para conter a nova variante.
“Com a variante Ômicron detectada em várias regiões do mundo, a aplicação de restrições de viagens para a África é um ataque à solidariedade global”, declarou.
Poucos dias depois do anúncio por cientistas da África do Sul sobre a descoberta da nova variante, que tem mais mutações que as anteriores detectadas do coronavírus, o hospital Bambino Gesu de Roma conseguiu a primeira “imagem” da Ômicron e confirmou que ela efetivamente tem mais mutações que a Delta, mas que isso não significa que é mais perigosa, de acordo com os pesquisadores.
As autoridades holandesas afirmaram que identificaram ao menos 13 casos de Ômicron entre 61 passageiros que testaram positivo para a Covid-19 após desembarcaram da África do Sul no último sábado (27).
A polícia de fronteira da Holanda anunciou a detenção de um casal em um avião com destino à Espanha depois que os dois fugiram do hotel em que estavam em quarentena.
O casal, um espanhol de 30 anos e uma portuguesa de 28, retornou à quarentena e pode ser acusado de “ataque à segurança pública”.
Apesar da nova ameaça, dezenas de milhares de pessoas protestaram na Áustria contra a vacinação obrigatória no país, o primeiro da UE a aplicar a medida.
O chanceler Alexander Schallenberg considerou o protesto uma “interferência menor” para o país, que tem uma das menores taxas de vacinação na Europa ocidental.
No Reino Unido, o ministro da Saúde, Sajid Javid, anunciou que nesta terça-feira (30) entrarão em vigor novas regras sanitárias, incluindo o uso de máscara em estabelecimentos comerciais e nos transportes públicos, assim como restrições para os passageiros procedentes do exterior.
Sintomas leves
Enquanto os cientistas tentam determinar o nível de ameaça da nova variante, uma médica sul-africana destacou que dezenas de pacientes suspeitos de estar com a variante Ômicron mostraram sintomas leves, como fadiga.
Angelique Coetzee, presidente da Associação Médica Sul-Africana, declarou à AFP que observou nos últimos dez dias 30 pacientes que testaram positivo para a Covid-19 e se recuperaram sem a necessidade de hospitalização.
O conselheiro do governo dos Estados Unidos para a pandemia, Anthony Fauci, afirmou que continua “acreditando que as vacinas existentes devem fornecer um grau de proteção contra casos severos de Covid”.
Diante do que considera um risco crescente, Israel anunciou algumas restrições mais severas, incluindo o fechamento das fronteiras a todos os estrangeiros, quatro semanas depois da reabertura aos turistas. “Estamos levantando a bandeira vermelha”, disse o primeiro-ministro do país, Naftali Bennett.