A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, pede aos integrantes do G20 “ousadia” para melhorar as perspectivas de crescimento no médio prazo, com vistas e um futuro “mais equitativo, próspero, sustentável e cooperativo”. A declaração está em discurso da autoridade nesta segunda-feira, 26, por ocasião da cúpula de ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais do G20, realizada nesta semana em São Paulo.
Georgieva nota que a reunião das autoridades ocorrerá no Pavilhão da Bienal, na cidade brasileira, “desenhado pelo famoso arquiteto Oscar Niemeyer”.
As “linhas fluidas e a fachada impressionante” do prédio de Niemeyer são citadas como “um monumento à ousadia do Brasil moderno”. E a diretora-gerente do FMI diz que gostaria que o G20 “se inspirasse nesse marco e também agisse com ousadia”.
Ela recorda que houve melhora recente nas perspectivas de crescimento de curto prazo, o que daria aos líderes do grupo uma oportunidade de retomar impulso político por propostas para o futuro.
O FMI projeta que o mundo crescerá 3,1% neste ano, com inflação em queda e o mercado de trabalho se sustentando.
Segundo ela, algumas tendências atuais, como o uso de inteligência artificial (IA), podem impulsionar a produtividade e melhorar as perspectivas de crescimento. “Nós precisamos muito disso – nossas projeções de crescimento de médio prazo têm recuado a mínimas em décadas”, afirmou.
Georgieva diz que o crescimento baixo afeta a todos, “mas têm implicações particularmente perturbadoras para os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento”.
Ela também menciona a fragmentação geoeconômica, que tem crescido, o que afeta o comércio e os fluxos de capital. Além disso, os riscos climáticos aumentam e já afetam o desempenho econômico, da produtividade agrícola à confiabilidade do transporte e à disponibilidade e ao custo de seguros, lista. “Esses riscos podem frear regiões com o maior potencial demográfico, como a África Subsaariana.”
A diretora-gerente do FMI ainda destaca em sua fala a agenda do Brasil no comando do G20. Segundo ela, essa agenda traz itens cruciais, como inclusão, sustentabilidade e governança global, “com uma bem-vinda ênfase em erradicar a pobreza e a fome”. Ela disse que o FMI “trabalha para apoiar essa agenda ambiciosa”.
Com a inflação perdendo fôlego e economias mais bem posicionadas para absorver uma postura fiscal mais apertada, “chegou o momento de um foco renovado em reconstruir colchões contra choques futuros”, recomenda Georgieva. Ela pede que se contenha o aumento da dívida pública e se crie espaço para novas prioridades de gastos. “A espera pode forçar um ajuste doloroso mais adiante”, adverte. “Mas, para os benefícios serem duradouros, o aperto deve ocorrer em um ritmo cuidadosamente calibrado”, acrescenta.
Georgieva pede um foco na cooperação, para lidar com a fragmentação geoeconômica e revigorar o comércio, maximizar o potencial da IA sem elevar a desigualdade, evitar gargalos em dívida e responder a mudanças climáticas.