“Por que da realização de um leilão sem a participação da maior empresa brasileira, a Petrobras?”, indaga o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, contrário ao certame da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) previsto para ocorrer nesta quarta-feira, 13, com a oferta pública de 38 blocos exploratórios no país.
“Essas áreas do pré-sal não terão a Petrobras operando, o que é ruim para a União. A estatal brasileira tem o menor custo de extração em águas ultraprofundas do mundo”, destaca Bacelar.
A FUP reforça seu posicionamento histórico segundo o qual a Petrobras deveria ser 100% estatal e o monopólio estatal do petróleo deveria ser retomado.
A federação dos petroleiros reconhece que o petróleo e o gás natural serão insumos estratégicos para a segurança energética nacional e global ainda ao longo das próximas décadas. A entidade alerta, porém, que é preciso garantir que novos investimentos na exploração e produção (E&P) em território nacional considerem elementos centrais para o fomento de uma transição justa, como a soberania nacional, sustentabilidade, respeito às comunidades locais e desenvolvimento com emprego e renda.
O diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Mahatma Ramos dos Santos, observa que o ambiente é de incertezas quanto aos resultados e nível de interesse em relação ao leilão e às áreas disponíveis. Ele aponta os principais fatores para isso: ausência da Petrobras, potenciais impactos ambientais e conflitos sociais nas áreas leiloadas e o fato dessas áreas já terem ido a leilão anteriormente.
A despeito da declaração do diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, sobre o potencial de concorrência nas áreas leiloadas, em especial no regime de partilha no pré-sal, na qual se inscreveram 6 grandes empresas, a avaliação de Santos é de que a expectativa da ANP se frustre, sobretudo em relação aos bônus de assinatura, dada a ausência da Petrobras no certame; e que haja interesse de empresas de menor escala nas áreas terrestres disponíveis no leilão.