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Olavo de Carvalho e Jair Bolsonaro durante encontro de conservadores nos Estados Unidos em março de 2019 Alan Santos/PR
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segunda-feira 9 de maio de 2022 às 18:17h

Fundador do Escola sem Partido cita ‘abandono’ de Bolsonaro e culpa Olavo

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Miguel Nagib, fundador do movimento Escola sem Partido, acusou o presidente Jair Bolsonaro (PL) de ter “abandonado” o projeto, e culpou o falecido guru da extrema direita Olavo de Carvalho por essa debandada bolsonarista — o escritor morreu em janeiro, aos 74 anos, nos Estados Unidos.

O movimento Escola sem Partido ganhou força a partir de 2015 e tinha como causa “neutralidade do ensino” por meio da proibição de suposta “doutrinação ideológica” nas escolas, algo já considerado inconstitucional pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em uma iniciativa semelhante.

No Twitter, Nagib disse que a esquerda se uniu com “setores da direita” para destruir a iniciativa. Segundo escreveu, Bolsonaro, sob influência de Carvalho, “inimigo declarado” do Escola sem Partido, “entregou as chaves” do MEC (Ministério da Educação) para olavistas e, com isso, “a base de sustentação social e política do movimento desapareceu”.

“Essa é a verdade: esquerda e setores da direita se uniram para destruir o Escola sem Partido. A esquerda, para manter o seu domínio; a direita, acreditando que com Bolsonaro na presidência poderia abocanhar uma fatia, microscópica que fosse, desse imenso e lucrativo mercado”, postou.

“Bolsonaro abandonou o ESP por causa de Olavo de Carvalho, inimigo declarado do nosso movimento a quem ele havia entregado as chaves do MEC. Sem o apoio de Bolsonaro, principal liderança do país, a base de sustentação social e política do movimento desapareceu. Esses são os fatos”, publicou.

Nagib diz que insistirá “neste assunto”, pois o grupo “era uma luz de esperança para milhões de estudantes e famílias”. “Era a chance da direita de impedir o uso político das escolas e das universidades pelos seus adversários. Era a ‘pior ameaça’ que a esquerda iria viver”, completou.

Essa é a verdade: esquerda e setores da direita se uniram para destruir o Escola sem Partido. A esquerda, para manter o seu domínio; a direita, acreditando que com Bolsonaro na presidência poderia abocanhar uma fatia, microscópica que fosse, desse imenso e lucrativo mercado.

— Escola sem Partido (@escolasempartid) May 9, 2022
Insisto e continuarei insistindo neste assunto, porque o ESP era uma luz de esperança para milhões de estudantes e famílias; era a chance da direita de impedir o uso político das escolas e universidades pelos seus adversários; era
“a pior ameaça” que a esquerda iria viver.

— Escola sem Partido (@escolasempartid) May 9, 2022
O projeto de lei 867/2015, que visava incluir o programa Escola sem Partido entre as diretrizes e bases da educação nacional, foi considerado inconstitucional em julho de 2016 pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão do MPF (Ministério Público Federal).

O PL foi parar na Câmara por autoria do então deputado e hoje senador Izalci Lucas (PSDB-DF), e ganhou apoio nas redes sociais por militantes da extrema direita. Na ocasião, o idealizador do movimento, Miguel Nagib, disse ao UOL que ficou “surpreso” com a decisão.

Em agosto de 2020, o STF também apontou a inconstitucionalidade de uma lei estadual de Alagoas semelhante ao projeto Escoa sem Partido, batizada de “Escola Livre”, que visava proibir a “prática de doutrinação política e ideológica” em sala de aula.

Na ocasião, nove ministros da Corte votaram contra a lei e apenas o ministro Marco Aurélio, que hoje está aposentado, votou a favor do projeto. O então ministro Celso de Mello não votou por estar de licença médica à época.

Fundador retomou movimento nas redes
Miguel Nagib parou de publicar no perfil do Twitter do Escola sem Partido em agosto de 2020, mas retomou as postagens na página no mês passado.

Ele disse que “jogou a toalha” porque percebeu “que o movimento havia perdido sua base de sustentação social e política desde a eleição de Bolsonaro”.

Hoje, ele afirma que os pais e as mães “estão sozinhos”, pois não há “ninguém” por eles, uma vez que “os políticos que vocês acreditavam que iriam defendê-los”, a exemplo de Jair Bolsonaro, os “abandonou”.

Sob a gestão Jair Bolsonaro, o MEC teve dois ministros considerados discípulos de Olavo de Carvalho: o colombiano naturalizado brasileiro Ricardo Vélez Rodriguez e Abraham Weintraub.

 

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