O governo francês tentou nesta sexta-feira (5) resolver uma nova disputa com a Itália sobre a migração, provocada pelas críticas feitas na véspera pelo ministro do Interior da França, Gérald Darmanin, contra a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
“Não houve vontade por parte do ministro do Interior de condenar a Itália ao ostracismo”, disse o porta-voz do governo francês, Olivier Véran, à Cnews nesta sexta-feira.
“Continuamos trabalhando com os italianos”, acrescentou.
O ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, disse em uma entrevista de rádio na quinta-feira que a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, era “incapaz de resolver os problemas migratórios”.
Darmanin culpa a Itália pelo grande fluxo de migrantes, principalmente menores, para a França.
Suas declarações provocaram reação imediata do chanceler italiano, Antonio Tajani, que cancelou sua viagem à França e qualificou as palavras de Darmanin como “inaceitáveis”.
Não é a primeira vez que o governo francês, liderado pelo presidente centrista Emmanuel Macron, entra em conflito com a Itália sobre a questão da imigração.
Em novembro, Meloni se recusou a desembarcar os 230 migrantes resgatados pelo navio de bandeira francesa Ocean Viking, o que levou ao primeiro confronto entre os dois países.
Paris finalmente decidiu receber o navio humanitário, mas denunciou o comportamento “inaceitável” de Roma e suspendeu a transferência de 3.500 migrantes da Itália.
Meloni, por sua vez, qualificou a reação francesa de “agressiva” e “injustificada”.
Desde então, as relações entre os dois países melhoraram. Macron inclusive se encontrou com seu homólogo italiano em Bruxelas em março.
Mas a questão da migração continua sendo uma questão delicada para o Executivo Meloni, o mais direitista do país desde a Segunda Guerra Mundial. Seu partido, Irmãos da Itália, prometeu acabar com o desembarque de navios pertencentes a ONGs em seu território.