Diferentemente da Alemanha, que desativou seus últimos reatores em abril do ano passado, país aposta pesado em energia atômica para substituir o carvão e reduzir suas emissões de carbono. A França elevou de seis para 14 o total de novas usinas nucleares que planeja construir nos próximos anos. A informação foi dada pela ministra francesa da Energia, Agnès Pannier-Runacher, em declaração ao jornal Tribune Dimanche.
A construção dos oito reatores extras, que até então só era tratada como “opção” dentro do governo, deve constar de um projeto de lei a ser debatido pelo parlamento no final de janeiro.
Diferentemente da Alemanha, a França está apostando pesado na energia nuclear como saída para substituir usinas a carvão e reduzir suas emissões de carbono. Paris quer reduzir o peso dos combustíveis fósseis no consumo de energia, hoje em mais de 60%, para 40% até 2035.
Segundo Pannier-Runacher, o cumprimento dessa meta requer a construção, a partir de 2026, de novas usinas com capacidade total de 13 gigawatts – o equivalente, nas palavras da ministra, ao desempenho de oito reatores do tipo EPR. A medida também seria necessária porque os reatores atuais não durariam para sempre.
O EPR, um reator de água pressurizada de terceira geração desenvolvido pela França, foi projetado para reviver a energia nuclear e oferecer mais potência com maior segurança após o desastre de Chernobyl em 1986. Atualmente, existem três deles em operação no mundo – um na Finlândia e dois na China. A construção na Finlândia foi problemática, porém, e projetos do tipo em andamento na França e no Reino Unido sofrem com atrasos e alta significativa de custos.
UE ainda permite subsídios a usinas nucleares
Na França, o primeiro reator EPR, em Flamanville, deve ser ligado à rede de energia para os primeiros testes na metade de 2024, segundo a estatal francesa de energia EDF. Se confirmadas as previsões, terão se passado 17 anos entre a construção e a operação, com os custos da obra quadruplicando neste período, chegando a 12,7 bilhões de euros.
A União Europeia continua a permitir subsídios estatais para usinas nucleares como parte da planejada reforma do mercado de eletricidade europeu. O governo alemão defendia que a medida fosse reservada exclusivamente às energias renováveis, mas acabou derrotado. Na Alemanha, as últimas três usinas nucleares foram desativadas em abril de 2023.