A França aconselhou na noite de sexta-feira (7) todos os franceses de passagem pelo Irã, ou seja, com estatuto de turistas, a abandonarem o país, depois de as autoridades iranianas terem difundido um vídeo em que um casal francês, detido em Maio, confessa ser na verdade membro da polícia secreta gaulesa.
A França alertou na sexta feira que todos os visitantes franceses, incluindo com dupla nacionalidade, estão expostos a “um risco elevado de detenção arbitrária e julgamento injusto” por parte das autoridades iranianas, pedindo assim que os seus nacionais deixem de viajar para este país do Médio Oriente.
Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, o Estado gaulês, não assegura em caso de detenção pelo regime de Teerão “o respeito pelos direitos fundamentais e pela segurança das pessoas”.
Esta actualização dos conselhos para os cidadãos franceses acontece um dia depois do casal Cécile Kohler e Jacques Paris, detidos desde Maio em Teerão, terem aparecido na televisão iraniana, denunciado que pertencem na verdade à polícia secreta francesa. Segundo as famílias deste casal, Cécile Kohler é professora e Jacques Paris é o seu companheiro, tendo aproveitado as férias da Páscoa para conhecerem o Irão.
Segundo os familiares, os dois estão a viver esta detenção “em condições inumanas”, vivendo “uma pressão psicológica inimaginável”, com esta confissão de que seriam espiões a ter sido “arrancada à força” pelo regime de Teerão. Na televisão iraniana, o casal francês diz ter vindo para o Irão para preparar uma revolução.
O aparecimento agora desta confissão, numa altura em que a população tem saído à rua diariamente para se insurgir contra o tratamento das mulheres no país e a privação de liberdade que sofrem, encaixa-se na narrativa de Teerão de que estes protestos são orquestrados por forças estrangeiras que querem acabar com a boa gestão do país por parte dos ayatollah.
Na sexta-feira, as autoridades iranianas divulgaram a causa de morte da jovem Mahsa Amini, detida pela polícia da moral em setembro e que morreu horas depois, com a causa de morte a ser um distúrbio cardíaco, embora organizações da sociedade civil defendam que a jovem foi agredida e apresentava marcas na cabeça.
Desde o início dos protestos, já morreram 92 pessoas no Irã.