A Prefeitura de Salvador promoveu nesta quarta-feira (21) o 5º Fórum Vida no Trânsito: Desafios e Perspectivas Para Salvar Vidas. O evento, em comemoração aos 10 anos do Programa Vida no Trânsito (PVT) na capital baiana, discutiu a segurança viária no município com foco em evitar acidentes com motociclistas profissionais, os desafios da educação no trânsito, além da fiscalização de alcoolemia, operação que completa 15 anos em 2023.
De acordo com a psicóloga Ana Cláudia Urpia, chefe do setor de Doenças e Agravos Não Transmissíveis da Vigilância Epidemiológica da SMS, o PVT trabalha de forma articulada. “Conseguimos, na primeira década, reduzir em 53% o número de óbitos entre os anos de 2011 e 2020. Estamos na segunda década (de ações para segurança no trânsito) e queremos reduzir ainda mais esse número. Salvador é uma cidade bem sucedida, então fizemos um balanço e avaliamos os desafios”, disse.
Ana Cláudia conta que a discussão vai além do trânsito na questão de engarrafamento ou acidentes. “Pensamos nas praças, nas ruas, no pedestre, no espaço coletivo de todos, no ciclista, então é um conjunto, um ambiente coletivo. Hoje falamos de mobilidade urbana, de segurança viária, então vamos expandir a visão do trânsito, e a gente precisa ter mais prevenção. Hoje o público mais vulnerável são os motociclistas que tiveram aumento de acidentes e mortes, então tivemos um painel só sobre isso, com a visão não só desse segmento, mas também com uma perspectiva de que eles estão ali tentando ganhar o seu”, afirmou.
O Fórum, realizado no auditório da Associação Bahiana de Medicina (ABM), em Ondina, contou com a participação de representantes do Ministério da Saúde, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e dos integrantes do Comitê do Programa Vida no Trânsito (PVT). O grupo é composto pelas secretarias de Saúde do município (SMS) e da Bahia (Sesab), Mobilidade de Salvador (Semob), Transalvador, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Rodoviária Estadual, Secretaria de Segurança Pública da Bahia e Delegacia de Polícia Técnica (DPT), Detran, Seinfra, Escola Politécnica da UFBA, Abramet, além da instituição convidada, a Iniciativa Bloomberg.
O superintendente da Transalvador, Décio Martins, celebrou os dez anos do PVT. “Ele é importante não só em Salvador, mas em todo o país, para discutir a redução de acidentes. Tivemos a redução de 53% em Salvador, mas não estamos satisfeitos e queremos reduzir mais ainda. Renovamos o pacto com a ONU para reduzir mais 50% até 2030 em relação aos 130 acidentes com mortes ocorridos em 2019, e esse é um momento de enriquecermos, através de debate, de troca de ideias, as ações para educação e fiscalização do trânsito, continuando a salvar a vida das pessoas.
“Fui secretário de Saúde antes de ser superintendente e pude perceber o quanto os acidentes sobrecarregam o sistema e podem ser evitados. Os motociclistas, que representam 51% das mortes, necessitam de uma atenção especial”, lembrou Martins.
O médico Victor Pavarino, da OPAS, conta que o Projeto Vida no Trânsito marca o protagonismo do setor de saúde em um tema que normalmente está ligado à segurança pública ou à gestão no trânsito. “Aqui temos um olhar que é mais que prevenir acidentes, mas prevenir a saúde. Com zonas de redução de velocidade, construção de ciclovias, por exemplo, trabalhamos mais para prevenir acidentes. É a promoção do ambiente de circulação sadio, qualidade do ar, saúde mental”, disse.
Sobre a realização do evento em Salvador, Pavarino foi enfático: “Salvador é uma referência muito importante para o Projeto Vida no Trânsito porque teve, no início, desafios e dificuldades e o comitê deu uma volta por cima com uma redução significativa nos dados. Boa parte dos outros países e estados no máximo estabilizaram suas taxas, mas reduzir drasticamente, como ocorreu aqui, fez com que a cidade fosse referência para todos que tivessem desafios iguais. Salvador é um case de sucesso e usamos sempre como exemplo”, afirmou.
A técnica do Ministério da Saúde, Daíla Freire, afirma que é sempre importante discutir a saúde no trânsito, porque os traumas preocupam o sistema de Saúde brasileiro. “A gente visa ampliar o programa, prezando a mobilidade urbana, discutindo com a sociedade civil, e daí pensamos uma forma conjunta de tornar o programa algo em vigor em todo o país. E Salvador têm experiências exitosas que nos orgulham muito”, considerou.
O diretor médico da Abramet, Adriano Isabella, conta que o órgão vem, há 43 anos, desenvolvendo diretrizes científicas justamente para diminuir a sinistralidade no trânsito. “Em especial neste evento em Salvador, nós estamos desde o início da criação do programa e com a intersetorialidade temos conseguido aplicar boas ações na cidade. Salvador está em lugar de destaque no cenário nacional pela redução de sinistros no trânsito por medidas adotadas. Como médico de tráfego, contribuímos para essas implementações”, afirmou.