As Forças Armadas, por meio do Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber), participou do Locked Shields (LS), um dos maiores exercícios de defesa cibernética do mundo e que envolveu mais de 3.500 profissionais de 41 países, promovido pelo Centro Cooperativo de Excelência em Defesa Cibernética da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO-CCDCOE). O Exercício, que tem sede em Talin, na Estônia, dividiu-se em atividades técnicas e gerenciais no período de 22 a 26 de abril.
O objetivo principal do Locked Shields é possibilitar que os especialistas em defesa cibernética aprimorem suas competências e capacidades de resposta, sob pressão e em tempo real, na defesa de sistemas nacionais de tecnologias de informação e infraestruturas críticas, face a incidentes de grande escala simulados no ciberespaço.
O Brasil integrou o Time Azul, sendo um país convidado atuando com uma equipe formada pela Espanha, Chile e Portugal, com seis militares em Lisboa e quatro em Madri, oriundos da Marinha do Brasil, do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira. Nos dias 22 e 23, em Lisboa, os Comandantes Cibernéticos do Brasil e Portugal conduziram reunião de trabalho com a finalidade de identificar as possibilidades de cooperação bilateral e estruturar um memorando de entendimento.
A fase estratégica das atividades ocorreu no dia 24, nas instalações do ComDCiber, no Forte Marechal Rondon, em Brasília (DF). Assim como os demais países, o Brasil participou de forma remota e isolada, com sua equipe multidisciplinar composta por mais de trinta militares e civis alocada no ComDCiber. Profissionais de diferentes instituições do País se reuniram para discutir a resposta que o Estado brasileiro daria aos mais atuais e complexos problemas cibernéticos. As questões objetivaram oportunizar aos gestores situações de crise advindas de ações cibernéticas compatíveis com o que há de mais atual no mundo. Foram empregadas as expertises de cada ente envolvido de forma que o conjunto representasse como cada país responderia às situações-problema apresentadas. Participaram integrantes do Gabinete de Segurança Institucional, do Ministério da Defesa, da Saúde, da Agência Nacional de Águas e da Agência Nacional de Telecomunicações.
Segundo o chefe do Centro de Coordenação de Operações Cibernética, Brigadeiro do Ar Márlio Concidera Estebanez, o Locked Shields tem como uma de suas atribuições concorrer para o fortalecimento da resiliência cibernética do Estado e é uma oportunidade ímpar em que se treina a aplicação das melhores práticas, em nível global, para a solução de problemas complexos advindos de ameaças cibernéticas. “É motivo de orgulho a nossa participação no Exercício. Ao mesmo tempo, suscita o compromisso de nos mantermos capazes no mais alto nível, a fim de responder aos desafios do Exercício de maneira efetiva e oportuna. É mister pontuar que o ComDCiber não ‘joga sozinho’. Profissionais das diversas estruturas do Estado são chamados a colaborar na resolução dos problemas cibernéticos simulados”, destacou.
O Oficial de ligação brasileiro na Estônia, junto à coordenação do Exercício, reportou que a equipe do Brasil está entre as cinco que mais responderam aos problemas lançados. A partir da análise das perguntas, foi observado que o país dispõe de legislações, planos, políticas e estratégias para a maioria das questões em prol do fortalecimento da capacidade cibernética do Brasil.
Exercícios Nacionais e Internacionais
Até 2023, o Brasil era o único país latino-americano convidado. Este ano, pela primeira vez, o Chile também ingressou. Convites para outros exercícios, relações bilaterais em cibernética, entre outros indicadores apontam para a significativa maturidade brasileira na área.
O Comando de Defesa Cibernética participa de exercícios nacionais e internacionais de defesa e de guerra cibernética. No âmbito nacional, organiza anualmente o Exercício Guardião Cibernético , cuja última edição reuniu mais de 450 pessoas de 123 organizações para debater e praticar resiliência cibernética de infraestruturas críticas nacionais. Neste exercício, além de participação das empresas e dos órgãos de governo ligados às infraestruturas críticas, o setor acadêmico também se engaja para identificar oportunidades de pesquisa e desenvolvimento relacionados à segurança cibernética.