Em depoimento à polícia, uma criança de 12 anos contou que recusou o bombom oferecido por uma mulher enquanto ele e o primo brincavam na rua. Segundo o depoimento do menino, a mulher teria passado de motocicleta e oferecido o doce às crianças. O menino é primo de Ythallo Raphael Tobias Rosa, de 6 anos, que morreu após ingerir o doce. Além dele, Benjamin Rodrigues Ribeiro, de 7 anos, também ingeriu o bombom.
Segundo reportagem de Marcos Nunes, do jornal Extra, ele está internado em estado grave no Hospital municipal Miguel Couto. Para a polícia, a mulher é a principal suspeita. O caso aconteceu na comunidade da Primavera, em Cavancanti, na Zona Norte do Rio. polícia investiga se os meninos estiveram juntos em algum momento e se comeram algum tipo de alimento. Os dois são alunos de uma mesma escola municipal, localizada na Zona Norte do Rio de Janeiro.
— Foi um livramento o meu filho não ter comigo o chocolate. Ele já sabe da morte do primo. Nem conseguiu dormir direito — disse, a mãe do menino, que foi ouvido na 44ª DP (Inhaúma), na tarde desta terça-feira.
O menino mais velho foi o primeiro a ser abordado pela mulher, por volta das 17 horas. A criança de 12 anos contou que a suspeita estava em uma motocicleta, usava luvas e capacete. E que o doce oferecido a ele primeiro estava em uma embalagem plástica transparente. O menino não aceitou, mas o primo (Ythallo), que estava ao lado dele, sim. Ythallo tirou um pedaço e trocou com o amigo Benjamim por um pouco se açaí. Em seguida, também comeu a outra parte do chocolate.
A mãe de Ythallo, Monique Tobias, disse que o filho estava brincando na rua e soube que uma mulher teria oferecido um doce para ele.
— Ele estava na rua brincando com o primo. Uma mulher passou, ofereceu um doce para o primo, que não aceitou. Ele (Ythallo), como era pequeno, aceitou o doce, comeu um pedaço, andou mais um pouquinho para frente e ofereceu para o amiguinho dele, que está em estado grave — relata a mãe. — É uma crueldade. Covardia é pouco. Não tenho nem o que falar. O Ythallo era brincalhão, sorridente, conhecido pela comunidade toda, amado por todo mundo. Ele brincava de tudo — disse Monique.
Já a avó de Benjamin disse que o menino apresentou os sintomas na volta da escola.
— Ele chegou da escola, por volta das 17h. Estava babando um pouco. Levamos para o hospital e ele foi ficando roxo — disse Sandra Regina Ribeiro, de 53 anos. A mãe do menino estava na porta do hospital Miguel Couto, na Zona Sul do Rio, com o padrasto. Abalada, ela não quis falar com a imprensa.
A Polícia Civil informou que foram encontrados grãos de cor amarronzada nos resíduos gástricos do menino Ythallo. Segundo o delegado Marcus Henrique Alves, da 44ª DP (Inhaúma), o material foi recolhido durante o exame cadavérico, feito no Instituto Médico-Legal (IML), e será submetido a um exame toxicológico para identificar a substância.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação explicou que “a desinsetização é feita periodicamente, a cada três meses, pela Comlurb, com material específico para roedores, sem usar chumbinho”. Além disso, pontuaram que o aluno Ythallo Rosa não compareceu à escola na segunda-feira, nem na sexta-feira passada, sendo visto ontem (dia 30), depois da saída da escola, andando de bicicleta na rua. O aluno Benjamim frequentou normalmente as aulas, saindo ao final do turno, às 17h30.
Já a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que os dois meninos entraram na UPA de Del Castilho em estado grave. Ythallo Raphael chegou à unidade em parada cardiorrespiratória e morreu apesar das manobras de reanimação. O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal.