O Fundo Monetário Internacional (FMI) recomendou neste domingo (25) que o presidente Javier Milei proteja os setores sociais mais pobres da Argentina, enquanto avança com suas reformas econômicas ultraliberais e busca reduzir o déficit fiscal a zero.
“As medidas concretas adotadas para cumprir com a âncora fiscal devem ser calibradas para garantir que a assistência social continue sendo prestada e que o peso não recaia totalmente sobre os grupos mais pobres”, declarou a subdiretora do FMI, Gita Gopinath, em uma entrevista ao jornal La Nación publicada hoje (25).
A Argentina mantém com o FMI um programa de crédito de 44 bilhões de dólares (219 bilhões de reais) e a funcionária visitou o país na quinta e sexta-feira para avaliar pessoalmente seu progresso e se reunir com Milei e membros de seu governo, mas também com economistas, sindicalistas e representantes de organizações sociais que demandam mais ajuda estatal.
O governo enfrentou nos dois meses e meio de gestão uma desvalorização de 50% da moeda, a completa liberalização de preços, desregulamentações e cortes drásticos para alcançar o déficit fiscal zero ainda este ano, como principal remédio para conter uma inflação de 254,2% e reverter uma pobreza de mais de 50%.
Gopinath considerou “importante garantir que o valor real das aposentadorias e da assistência social seja mantido. Que as aposentadorias e a assistência social acompanhem o ritmo da inflação”.
Ela opinou que “a economia herdada por este governo estava à beira de uma crise e exigia uma ação audaciosa e decisiva para afastá-la do precipício” e que já foram adotadas algumas medidas de alívio social, “mas serão necessárias mais, para garantir que a redução do déficit fiscal não recaia sobre os segmentos vulneráveis da sociedade”.
“Prevemos que a inflação possa cair para um dígito até meados deste ano”, disse a subdiretora do organismo de crédito, “mas acredito que levará pelo menos um ano para reduzir a inflação a níveis baixos e, em seguida, mantê-la nesses níveis até 2025 também exigirá esforços”, ela ponderou.
Para o FMI, “também será muito importante investir em capital humano. Este é um aspecto crítico. As taxas de pobreza infantil de mais de 55% são extremamente preocupantes. É o futuro do país. É importante garantir que essa porcentagem diminua muito e poder investir mais em educação”.
Sobre os planos de Milei de dolarizar a economia para concluir suas reformas econômicas ultraliberais, Gopinath insistiu que “a decisão sobre que tipo de regime monetário um país terá é uma decisão soberana”.