Portugal conseguiu uma recuperação notável dos sucessivos choques que atingiram a economia global desde a pandemia, avalia o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em relatório com a revisão anual do quadro do país, o organismo apontou que o crescimento em 2023 continuou a exceder a média da zona do euro, enquanto a inflação desacelerou mais rapidamente, sendo alcançado um grande excedente fiscal em 2023, e a dívida pública reduzida em 36 pontos percentuais do PIB desde 2020.
“A posição externa foi reforçada, apoiada pelo turismo, pelos fundos da UE e pela melhoria dos termos de troca. Os indicadores de estabilidade financeira melhoraram, refletindo uma redução dos riscos sistêmicos. Neste momento, um pouso suave está ao alcance”, afirma o FMI. No entanto, “o baixo crescimento da produtividade, o envelhecimento da população e o investimento moderado continuam os principais constrangimentos a um maior crescimento, ao mesmo tempo que a pobreza e a desigualdade precisam de ser abordadas”, alerta o organismo.
Neste contexto, a política orçamentária deverá ainda atingir um excedente em 2024 e ser posteriormente globalmente neutra, para equilibrar o crescimento e o retorno da inflação à meta, o que também ajudaria a reduzir a dívida ainda elevada, reconstruindo assim o espaço para fazer face a choques futuros e reduzindo a vulnerabilidade à volatilidade dos mercados, avalia o FMI. Entretanto, a composição fiscal deve ser reorientada para um investimento público mais favorável ao crescimento, apoiado por uma reforma fiscal abrangente e por uma maior eficiência da despesa pública, sinaliza. Continua necessária vigilância aos riscos do setor financeiro, nomeadamente do mercado imobiliário, alerta o Fundo.
O corpo técnico do FMI espera um crescimento de cerca de 2% em 2024, recuperando ligeiramente para 2,5% em 2025, à medida que as condições financeiras melhoram gradualmente. A médio prazo, espera-se que o envelhecimento da população, o baixo investimento e o baixo crescimento da produtividade mantenham o crescimento abaixo dos 2%, projeta. Prevê-se que a inflação global diminua para 2% em 2025, apesar de uma subida temporária em 2024; a inflação subjacente, embora mais rígida, também deverá diminuir. A continuação do dinamismo dos fluxos de turismo apoiaria um excedente da balança corrente a médio prazo.