O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) está com Covid-19, mas sem sintomas da doença causada pelo novo coronavírus, segundo a assessoria do parlamentar. Em isolamento em sua residência em Brasília, o senador afirmou estar utilizando hidroxicloroquina e azitromicina, embora ainda não haja comprovação médica para os medicamentos no tratamento da Covid-19.
O resultado do teste para a doença, segundo a assessoria de Flávio, saiu nesta segunda-feira (24).
Flávio Bolsonaro é investigado sob suspeita dos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa pela prática da “rachadinha” durante o mandato de deputado estadual no Rio de Janeiro. Ele nega as acusações.
O esquema consiste na devolução do salário de assessores ao parlamentar e teria como operador financeiro o ex-assessor e amigo da família Bolsonaro Fabrício Queiroz.
Flávio também é investigado pelo Ministério Público Federal sob a suspeita de falsidade ideológica eleitoral, por ter supostamente omitido bens e atribuído valores distintos a um mesmo imóvel em declarações de bens entregues à Justiça Eleitoral em 2014 e 2016.
O senador é o quarto da família Bolsonaro a ser infectado pelo vírus, com confirmação pública. Antes dele, já foram infectados seu pai e presidente da República, Jair Bolsonaro, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e seu meio-irmão, Jair Renan.
Segundo o presidente e a primeira-dama, ambos não estão mais com o vírus. A mãe de Jair Renan e ex-mulher de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle, também publicou nas redes sociais que o filho está curado.
Bolsonaro acumulou declarações que minimizaram a pandemia, colocou preocupações com a economia acima da gravidade da doença e desaconselhou a quarentena como forma de reduzir o contágio.
O presidente também insistiu na cloroquina como remédio para a Covid-19, embora não haja evidências científicas de que o medicamento tenha efeito para a doença. Nesta segunda-feira (24), Bolsonaro participou de um evento no Palácio do Planalto para fazer apologia do tratamento com a hidroxicloroquina.
Na ocasião, o presidente disse que jornalista, se infectado pelo coronavírus, tem mais chance de morrer por ser “bundão”.
Dados de pesquisa Datafolha divulgada após o país chegar a 100 mil mortes, no entanto, mostram que os brasileiros ficam divididos em relação à responsabilidade do presidente por essa marca.
Quase metade deles, 47%, dizem acreditar que o presidente não tem culpa nenhuma pelos óbitos. Os que acham que Bolsonaro tem responsabilidade somam 52% -são 11% os que o veem como principal culpado e 41% os que dizem que ele é um dos culpados, mas não o principal.
A pesquisa foi feita por telefone com 2.065 brasileiros adultos que têm celular, nos dias 11 e 12 de agosto. A marca das 100 mil mortes pela Covid-19 foi atingida no dia 8 de agosto, menos de cinco meses após o registro da primeira morte decorrente da doença no país.