Filhos do presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados políticos lamentaram a vitória do senador e ex-guerrilheiro Gustavo Petro como primeiro presidente da esquerda da Colômbia. Petro foi eleito presidente neste último domingo (19) com 40,32% dos votos.
Bolsonaro também enviou a reportagem da BBC News Brasil com o título “Ex-guerrilheiro vence eleição na Colômbia e será primeiro presidente de esquerda do país” para uma lista de transmissão que mantém no WhatsApp, segundo informou o jornal “Folha de S.Paulo”.
Abaixo da foto, o presidente brasileiro escreveu: “Cuba… Venezuela… Argentina… Chile … Colômbia… Brasil???”, numa referência ao fato de a esquerda, com Lula, ter chance de voltar ao poder no país. Bolsonaro não comentou nem cumprimentou o colega colombiano publicamente.
Nas redes sociais, o tom adotado por bolsonaristas foi o de lamentação e pressão.
“A responsabilidade do eleitor brasileiro só aumenta. Já não é mais “tão somente” pelo Brasil, é por toda a região”, escreveu o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), filho do presidente Bolsonaro.
A responsabilidade do eleitor brasileiro só aumenta. Já não é mais “tão somente” pelo Brasil, é por toda a região. pic.twitter.com/98y1XaEfGq
— Eduardo Bolsonaro (@BolsonaroSP) June 20, 2022
“O voto ‘lulo’ pregado pelos ‘isentões’ e pelos ‘faria lulers’ no Brasil fez mais um na América Latina. Nada disso tem a ver com Jair Bolsonaro, mas somente com você! Basta olhar as catástrofes que nossos vizinhos estão sofrendo ou já sofreram. A escolha é dos senhores!, ressaltou Carlos Bolsonaro, também filho de Bolsonaro.
O voto “lulo” pregado pelos “isentões” e pelos faria lulers no Brasil fez mais um na América Latina. Nada disso tem a ver com Jair Bolsonaro, mas somente com você! Basta olhar as catástrofes que nossos vizinhos estão sofrendo ou já sofreram. A escolha é dos senhores!
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) June 20, 2022
“Pobre Colômbia… Foro de São Paulo deve estar em festa novamente, para o lamento do povo, que sofrerá as consequências da abstenção nas eleições.Teremos uma nova Venezuela na América Latina para acompanhar a Argentina”, escreveu Carla Zambelli, uma das principais aliadas de Bolsonaro.
Pobre Colômbia…
Foro de São Paulo deve estar em festa novamente, para o lamento do povo, que sofrerá as consequências da abstenção nas eleições.
Teremos uma nova Venezuela na América Latina para acompanhar a Argentina.
— Carla Zambelli (@CarlaZambelli38) June 20, 2022
Petro militou no M-19, uma guerrilha nacionalista de origem urbana que assinou a paz em 1990. Admirador fervoroso do Prêmio Nobel Gabriel García Márquez, na clandestinidade adotou o nome Aureliano, em homenagem ao personagem de “Cem Anos de Solidão”.
Foi detido e torturado pelos militares e ficou preso por um ano e meio. Sempre foi um combatente “medíocre”, de acordo com seus ex-companheiros de armas.
Em sua biografia, destaca: “Nunca senti, ao contrário de muitos de meus companheiros, uma vocação militar (…) o que eu queria era fazer a revolução”.
Sua “opção preferencial pelos pobres”, sustenta, não provém do marxismo, mas da teologia da libertação.
Candidato pelo Pacto Histórico, endossa a defesa do meio ambiente. Ele propõe parar a exploração de petróleo (cujo comércio representa 4% do PIB) em uma “transição” para as energias limpas.
Petro quer fortalecer o Estado e cobrar mais impostos dos ricos. Antes do segundo turno, mostrou-se um político moderado, próximo do povo e do feminismo.
“Quando subia em um palanque e falava por uma hora e meia (…), o que fazia era aprofundar em detalhes seu modelo econômico (…) e isso se torna um pouco sofisticado”, admite Alfonso Prada, diretor de debates do esquerdista.
Diante dos temores que desperta, Petro prometeu que não tentará a reeleição por reforma constitucional, nem vinganças pessoais, e que respeitará a propriedade privada.
“Digo enfaticamente que nunca pensei, nem vou pensar em confiscar ou menosprezar” os bens, afirmou.