O PT definiu que o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) será o líder da bancada na Câmara no primeiro ano do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O acordo costurado entre as dirigentes correntes da sigla é fazer um revezamento na função. Assim, o deputado Odair Cunha (PT-MG) assumirá o posto em 2024, enquanto Lindbergh Faria (PT-RJ) e Pedro Uczai (PT-SC) assumirão a liderança em 2025 e 2026, respectivamente.
A escolha por Zeca Dirceu põe fim a uma disputa interna na legenda e é vista internamente como uma forma de contemplar o ex-ministro José Dirceu, pai de Zeca. Chefe da Casa Civil na primeira gestão de Lula, o petista ficou de fora da composição dos principais cargos no novo governo e nem sequer esteve entre os convidados para a cerimônia de posse, no domingo. Ele disse ao jornal O Globo, ter preferido acompanhar a solenidade entre militantes para evitar eventuais repercussões negativas da sua presença. O ex-ministro foi um dos pivôs dos escândalos do mensalão, pelo qual foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal. Ele também foi alvo da Lava-Jato.
A negociação pela vaga de líder da bancada envolveu também o preenchimento de outros postos-chave do partido na Câmara. A deputada Maria do Rosário (RS) será a indicada para a vaga reservada à legenda na Mesa Diretora. O PT, contudo, ainda negocia com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL) — a quem a sigla já declarou apoio à reeleição — se ficará com a vice-presidência ou a 1ª secretaria.
CCJ
Lideranças petistas, contudo, já admitem que o partido pode abrir mão do comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o principal colegiado da Câmara, em nome de um acordo que isole o PL, sigla de oposição dono da maior bancada na Casa. A ideia é oferecer o posto a algum partido aliado para montar um “blocão governista” sem a legenda de Jair Bolsonaro.
Nas contas de parlamentares do PT, além das legendas de esquerda, o grupo deve contar também com PSD, MDB e ainda tenta atrair o União Brasil. Na costura que tem sido discutida, as quatro principais legendas se alternariam anualmente à frente CCJ. Neste caso, caberia ao PT a Comissão Mista do Orçamento.
A construção do “blocão” é uma forma de neutralizar o PL e formar um grupo que vote de acordo com os interesses do governo, além de impedir que os opositores assumam a CCJ. Atual presidente da Câmara, Lira desponta como favorito para a reeleição e conta com o apoio de partidos aliados do Palácio do Planalto. Em troca, petistas negociaram com ele o compromisso de que não vai atrapalhar os planos da legenda em construir o maior bloco partidário.