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sexta-feira 1 de outubro de 2021 às 06:24h

Filho de líder do governo Bolsonaro se descola do presidente em disputa pelo Governo de Pernambuco

NOTÍCIAS, POLÍTICA


O prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (DEM), filho do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB) —líder do governo Bolsonaro no Senado— tem feito um movimento de distanciamento do presidente em suas articulações de pré-campanha a governador de Pernambuco.

O objetivo, segundo interlocutores do prefeito da principal cidade do sertão do estado, é evitar que uma eventual postulação em 2022 seja contaminada pela elevada rejeição a Bolsonaro em Pernambuco.

Além disso, para enfrentar o PSB, que governa há 15 anos o estado, o grupo de Miguel quer atrair tanto líderes políticos da esquerda como da direita.

Miguel, em agosto, chegou a se reunir com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, para medir a possibilidade de aliança com os pedetistas.

A sigla de esquerda já disse publicamente que, se houver uma nova aliança entre PSB e PT em Pernambuco, caminhará em outro palanque, que permita fazer campanha para o presidenciável Ciro Gomes.

Aliados de Miguel têm dito que ele poderá ceder seu palanque ao mesmo tempo para presidenciáveis de PDT, PSDB e até do próprio DEM e PSL, que deverão se fundir, caso haja unidade da oposição em Pernambuco, o que ele defende oficialmente.

Apesar do movimento de distanciamento do governo Bolsonaro, o discurso oficial de Miguel é o de que “não tem ideia fixa” e que não pretende colocar ideologia à frente nas eleições do ano que vem. O objetivo principal, segundo ele, é quebrar o ciclo de poder do PSB.

“A aposta de Miguel é que conte com apoio de diversas agremiações políticas em defesa da mudança”, afirma o deputado estadual Antonio Coelho (DEM), irmão de Miguel e líder da oposição na Assembleia Legislativa do estado.

O PSB governa Pernambuco desde 2007, com dois mandatos de Eduardo Campos e dois do atual governador, Paulo Câmara (PSB).

Eleito senador pelo PSB, o pai de Miguel, Fernando Bezerra, foi filiado à legenda socialista até 2017. Naquele ano, o senador rompeu com o partido e passou para a oposição, na tentativa de ser candidato a governador pelo MDB em 2018, o que não ocorreu.

Na ocasião, Bezerra Coelho travou uma batalha judicial pelo comando do MDB de Pernambuco com o senador Jarbas Vasconcelos e o deputado federal Raul Henry, aliados do PSB.

O líder do clã Coelho, no entanto, não conseguiu vencer na Justiça e acabou não sendo candidato ao Palácio do Campo das Princesas.

Deputado estadual pelo PSB em 2015 e 2016, Miguel foi eleito prefeito de Petrolina, maior cidade do sertão.

Em 2020, reelegeu-se pelo MDB, sigla pela qual queria ser candidato a governador inicialmente. Mas Jarbas Vasconcelos e Raul Henry preferiram manter o vínculo com o PSB e tinham restrição pelo fato de o grupo dos Coelhos ser ligado ao governo Bolsonaro.

O fato de Fernando Bezerra Coelho ser líder do governo no Senado preocupa inclusive a oposição em Pernambuco. Uma ala do grupo já defende publicamente duas candidaturas ao governo estadual, uma mais e uma menos bolsonarista.

Também são cotados como pré-candidatos ao governo a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), filha do ex-governador João Lyra Neto, e o prefeito de Caruaru, Anderson Ferreira (PL). Os dois gestores, que governam duas das maiores cidades de Pernambuco, presidem os seus partidos em âmbito estadual.

Na última sexta-feira (24), na véspera da filiação de Miguel ao DEM, PL e PSDB se reuniram com líderes de Cidadania e PSC e divulgaram manifesto oficial em defesa da unidade entre os quatro partidos. Nos bastidores da política local, o encontro foi visto como um contraponto a Miguel Coelho.

Líderes de PL, PSDB, PSC e Cidadania não acreditam que Miguel abriria mão da cabeça de chapa como candidato a governador em 2022. Ao mesmo tempo, veem isso como trunfo, para evitar que toda a oposição eventualmente seja taxada de bolsonarista.

Em paralelo, o grupo de Miguel acredita que a outra ala da oposição não esperava o seu movimento de saída do MDB e ida para o DEM.

Aliados de Miguel avaliam que os grupos de Anderson e Raquel acreditavam que ele seguiria no MDB com a pré-candidatura indefinida. Outro partido que tem proximidade com Miguel em Pernambuco é o Podemos.

Enquanto isso, o grupo de oposição menos afinado com Bolsonaro tem como estratégia evitar que o cenário de 2018 se repita.

Naquele ano, a propaganda eleitoral de Paulo Câmara, que disputava a reeleição pelo PSB, batizou os adversários de “turma do Michel Temer”, em alusão ao então presidente, que tinha uma alta rejeição em Pernambuco.

A chapa de oposição tinha Armando Monteiro, à época no PTB, como candidato a governador, e os ex-ministros de Temer Mendonça Filho (DEM) e Bruno Araújo (PSDB) como candidatos ao Senado. O trio saiu derrotado nas urnas.

Para 2022, o núcleo que comanda o PSB em Pernambuco considera Miguel o melhor candidato para enfrentar. Caso isso ocorra, os socialistas querem repetir a tática eleitoral de quatro anos atrás e carimbaro que seria a “turma do Bolsonaro”.

Já Raquel Lyra, por exemplo, não teria como ser carimbada com essa pecha, segundo socialistas, pois é do PSDB. A avaliação é a mesma de tucanos.

“As coisas vão ficar nítidas claramente, quais são os alinhamentos. A candidatura da prefeita Raquel, que é a que eu defendo, não pode ser taxada de nenhuma forma de bolsonarista”, diz o ex-senador Armando Monteiro (PSDB).

Presidente do Cidadania em Pernambuco, o deputado federal Daniel Coelho defende uma convivência pacífica caso haja duas candidaturas de oposição em Pernambuco.

“É ruim se criar um ambiente de que essas duas candidaturas são inimigas, e não são. O adversário é quem está no governo. Uma candidatura mais alinhada a Bolsonaro e outra não pode ser um posicionamento para o eleitor, mas não o único, e há outros elementos importantes.”

Líder do grupo político dos Coelho, o senador Fernando Bezerra não pretende disputar as eleições de 2022. Há possibilidade de tentar a vaga de ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), caso Raimundo Carrero antecipe a aposentadoria para 2022. A indicação ao sucessor do atual ministro cabe ao Senado.

Já o PSB vai tentar manter a hegemonia no estado e chegar a 20 anos no poder. A aposta do partido para isso é o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Julio, ex-prefeito do Recife.

Ele tem reiterado em notas divulgadas à imprensa que não será candidato a governador, mas segue como principal aposta entre dirigentes da legenda.

No dia 21, em evento nacional do PSB, o presidente da sigla, Carlos Siqueira, saudou Geraldo Julio como “futuro governador de Pernambuco” e disse: “Ele não quer, mas vamos fazer o candidato”. Dentro do PSB, o ex-prefeito é tratado como plano A, B e C para a disputa da sucessão de Paulo Câmara.

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