A filha biológica de Flordelis dos Santos de Souza, Simone dos Santos Rodrigues, voltou atrás e não confessou ter sido a mandante da morte do pastor Anderson do Carmo, seu padrasto. A versão apresentada durante o interrogatório na tarde deste sábado é diferente da que ela vinha sustentando até então. Ela foi a última ré a ser ouvida no sexto dia de julgamento do caso, no Tribunal do Júri de Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Simone alegou que a morte de Anderson foi motivada por relatos seus a seu irmão, Flávio dos Santos Rodrigues, sobre abusos sexuais do pastor contra ela e uma de suas filhas. Flávio já foi condenado por ter sido o responsável por dar os tiros que mataram Anderson. As informações são de Carolina Heringer, do jornal Extra.
— Eu me sinto um pouco culpada de tudo isso que está acontecendo com minha família. Um dia, eu sentei e contei tudo para o meu irmão Flávio. Nesse dia, desabafei porque ele era muito quieto, muito observador. Pensei: vai quebrar a cara dele, vai arrebentar. Mas não pensei que ia matar ele. Contei tudo que ele tinha feito comigo, com a minha filha.
Durante a semana de julgamento, a advogada Janira Rocha, que defende Flordelis e outros três réus — Marzy, Rayane e André — chegou a falar, em entrevista aos jornalistas, que o caso tinha uma ré que tinha confessado ser mandante do crime, que era a Simone. No entanto, os cinco réus foram ouvidos e nenhum admitiu ser o mandante do crime. Simone é a única dos réus que é defenda por Daniela Grégio.
Simone já tinha admitido ter planejado a morte da vítima durante seu depoimento no processo de cassação da mãe na Câmara de Deputados, em abril de 2021, mudando pontos do relato que tinha dado em audiência no processo do caso três meses antes, quando não chegou a confessar o crime. Na ocasião, ela disse apenas que vinha sofrendo “investidas sexuais” de Anderson e tinha dado R$ 5 mil para a irmã Marzy Teixeira resolver a situação para ela. Simone alega, no entanto, que não sabe o que ela fez e se chegou a executar o plano para assassinar a vítima.
Simone foi questionada por um dos jurados por que afirmou anteriormente, em depoimento, ter planejado a morte de Anderson. Ele reafirma que o crime não foi planejado e alegou que não tinha contado a versão que apresentou hoje por receio de prejudicar o irmão.
— Não foi planejado. Eu conversei com meu irmão (Flávio). Eu estava com medo, medo de ele pegar muito tempo (de pena). Eu estou aqui para falar a verdade. Não foi uma coisa planejada. Foi sem planejamento nenhum, dentro de casa.
A denúncia do Ministério Público do estado do Rio acusa Flordelis de ser a mandante e a confissão de Simone vinha sendo usado por sua defesa e pela própria ex-deputada para alegar inocência.