Isabela Oassé de Moraes Ancora Braga Netto, filha do ministro da Casa Civil, Braga Netto, desistiu de ocupar uma vaga na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Seu nome já havia sido aprovado pela Casa Civil, comandada pelo seu pai, mas faltava uma análise interna na própria ANS. A desistência foi comunicada ao Diretor de Desenvolvimento Setorial, Rodrigo Rodrigues de Aguiar, que seria seu superior na agência.
Isabel era cotada para a Gerência de Análise Setorial e Contratualização com Prestadores. A vaga é de livre nomeação, sem necessidade de passar por concurso público ou de receber sabatina do Senado e tem salário de R$ 13 mil. Caso fosse concretizada, a nomeação seria considerada nepotismo, de acordo com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ouvidos pelo jornal O Globo em caráter reservado.
Em nota, Rodrigo Rodrigues de Aguiar informou que ter recebido nesta quarta “a informação que a candidata desistiu de participar do processo de nomeação, embora tenha atendido todos requisitos os para o cargo”. No texto, ele afirmou que o processo seletivo “foi conduzido no âmbito da ANS, sem sofrer ingerências externas” e diz que a ANS “não possui relação hierárquica ou vinculação com órgão da administração pública direta” e que, por isso, não é possível falar em nepotismo.
“Lamento profundamente o uso político do caso. O processo de nomeação expôs desnecessariamente autoridade do governo federal que possui conduta ilibada e ética ao longo de toda carreira profissional, servidores de carreira da própria ANS e particulares”, diz a nota.
A ANS é uma agência vinculada ao Ministério da Saúde que atua na criação de regras, controle e fiscalização do setor de planos de saúde no país. O monitoramento da agência aumentou ainda mais durante a pandemia do novo coronavírus, com a publicação de boletins sobre a atuação das operadoras na crise sanitária.
Isabela não aparece nas redes sociais e tem menção discreta na internet de forma geral. Ela se formou em 2016 no curso de Design pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). No ano passado, candidatou-se a uma vaga temporária na 1ª Região Militar do Exército no Rio, mas não foi aprovada. Nas plataformas formais, como a Lattes, também não está.