Na primeira edição da revista Veja que foi às bancas em 2020, a coluna Radar revelou que o chefe da PGR, Augusto Aras, já começaria o ano com uma lista de autoridades importantes a denunciar ao STF por envolvimento na Lava-Jato.
Nesta segunda-feira (10), a fila começou a andar. A PGR denunciou ao STF o senador Ciro Nogueira, cacique maior do PP — o partido de proa do chamado centrão da Câmara –, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por supostamente ter recebido repasses da construtora Odebrecht.
É a primeira denúncia da gestão Aras contra um tubarão do Congresso, embora ele não assine a peça remetida ao Supremo.
O ato marca um movimento de distanciamento na atuação de Aras em relação aos políticos que tentaram se aproximar dele durante a campanha pela indicação ao comando do Ministério Público.
Aras chegou a jantar com a bancada do PP na casa do senador que agora sua gestão denuncia ao STF. Em política, isso não é pouca coisa.
Ciro Nogueira era investigado desde abril de 2017, quando ex-executivos da Odebrecht fecharam acordo de delação premiada. Ele é defendido pelo advogado Kakay que, como não poderia ser diferente, aposta no arquivamento da denúncia.
“A defesa do senador Ciro Nogueira estranha a apresentação desta denúncia, pois a base do inquérito é unicamente as delações premiadas da Odebrecht. Todas as delações deverão ser analisadas em momento oportuno pelo Supremo Tribunal Federal, que irá decidir sobre a validade ou não de algumas delações. Ademais, o próprio Supremo não admite sequer abrir Ação Penal com base somente na palavra dos delatores”, diz Kakay.