Durante séculos, marinheiros descreveram “mares leitosos” ao navegarem por águas noturnas brancas iluminadas por um brilho que parecia sobrenatural. Um mistério que dura até hoje, o fenômeno fotografado por satélites foi registrado pela primeira vez nesta segunda-feira (11) no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
Segundo o jornal britânico The Guardian, entre o final de julho e início de setembro de 2019, satélites da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) flagraram um “mar leitoso” ao sul da ilha de Java, na Indonésia, ocupando mais de 100 mil km².
Numa noite, um marinheiro acordou às 22h e observou o fenômeno ao olhar pelo convés do iate Ganesha, percebendo que o oceano havia ficado branco. “Não há Lua, o mar aparentemente está cheio de plâncton, mas a onda da proa é negra. Dá a impressão de navegar na neve”, relatou a tripulação.
O grupo estava no meio de uma viagem ao redor do mundo quando o iate atingiu um trecho de água luminescente entre a ilha indonésia de Lombok e as Ilhas Cocos, arquipélago australiano no leste do Oceano Índico.
Um membro da tripulação relatou a Steven Miller, professor de ciência atmosférica que lidera o novo estudo, que o brilho no oceano lembrava “estrelas ou adesivos que brilham no escuro”. O capitão do iate disse que o fenômeno parecia se originar cerca de 10 metros abaixo da superfície, em vez de ser apenas uma fina película superficial como alguns cientistas imaginavam.
Miller persegue os “mares leitosos” há décadas e obteve ao longo dos anos pistas tentadoras com equipamentos de imagem instalados em satélites ambientais. Os novos relatos dos marinheiros do Ganesha e fotos tiradas pela tripulação com um smartphone e uma câmera digital forneceram o primeiro indício de que os instrumentos flagraram o fenômeno incomum de fato.
Na pesquisa, o professor da Universidade Estadual do Colorado, nos Estados Unidos, relatou 11 outras possíveis ocorrências de “mares leitosos”. “Eu diria que há apenas um punhado de pessoas atualmente vivas que viram um desses”, conta Miller, ao The Guardian. “Eles simplesmente não são muito comuns – talvez até um ou dois por ano em todo o mundo – e normalmente não estão perto da costa, então você precisa estar no lugar certo na hora certa.”
Segundo o pesquisador, o “mar leitoso” pareceu durar pelo menos 45 noites na Indonésia. Acredita-se que ele ocorra quando bactérias bioluminescentes se comunicam umas com as outras, em uma possível resposta a mudanças nas correntes oceânicas geradas por condições atmosféricas. Contudo, detalhes da composição do oceano, estrutura, causa e implicações na natureza permanecem incertos.
O especialista descreve a ocorrência como um tipo raro de bioluminescência marinha, que dá ao mar noturno “a aparência de um campo de neve diurno sob céus escuros e sem Lua”. “Uma amostra de balde dessas águas, cuja coleta não interrompeu a iluminação naquele local, continha vários pontos de brilho constante que escureceram ao serem agitados – um comportamento oposto ao da bioluminescência ‘normal’”, explica ele na pesquisa.
Muitos sites afirmam que isso seria rastros de naves extraterrestres que se escondem no fundo do mar. Ufólogos afirmam que o fato é estudado e seria plausível que Óvnis avistadas antes nestas regiões do oceanos fossem a razão desse fenômeno sobrenatural.