quinta-feira 20 de março de 2025
Senador Ciro Nogueira — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
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quinta-feira 20 de março de 2025 às 06:08h

‘Federação PP-União caminha para um apoio à centro-direita em 2026’, diz Ciro Nogueira

DESTAQUE, ELEIÇÕES 2026, NOTÍCIAS


Confiante na consolidação de uma “superfederação” entre seu partido e o União Brasil, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PP-PI), acredita que a agremiação se tornará o “player” mais importante para a corrida à Presidência do próximo ano, a qual ele considera uma disputa sem chance para uma terceira via. Aliado e ex-ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro (PL), hoje inelegível, Nogueira reconhece que os atores políticos envolvidos tendem a trilhar o caminho da “centro-direita”.

— A chance de um candidato centro-direita ganhar a próxima eleição é muito grande. A federação caminha para um apoio desse, mas isso não é algo decidido — diz o presidente do PP.

Nogueira convocou a bancada da sigla no Congresso Nacional, além de dirigentes estaduais, para bater o martelo sobre a federação na terça-feira. Agora, só falta a deliberação do União Brasil.

A seguir, leia a entrevista ao jornal O Globo:

O PP e nem o União Brasil correm o risco de cair em cláusula de barreira. Qual é a vantagem da federação?

A criação da federação se torna o maior partido do país, em todos os sentidos, seja em número de prefeitos, de vereadores, de deputados estaduais, deputados federais. Só o Senado que seremos o segundo. Isso também mexe com fundo eleitoral e tempo de televisão, o que é importante para as eleições do próximo ano. Até porque tem muita sinergia entre o os partidos de centro-direita e de perfil mais conservador. São mais pontos que nos aproxima do que nos afasta.

A federação se torna então um dos principais players da eleição de 2026.

Não é um dos players. É o player mais importante

O União tem uma ampla participação no governo e o senhor pede a saída do ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA). De que lado essa federação vai estar em 2026?

Se depender de mim, com Bolsonaro ou com o candidato de centro-direita que vier apoiado por ele.

Como essa decisão será feita dentro da federação?

Com convencimento e bom senso. A chance de um candidato de centro-direita ganhar a próxima eleição é muito grande. A federação caminha para um apoio desse, mas isso não é algo decidido. Primeiro, vamos decidir se vai ter federação, para depois ver essas questões e, com certeza, precisa ser um consenso entre os dois partidos.

O senhor disse recentemente que o Bolsonaro precisava se decidir.

Não foi isso que eu disse, não. Eu disse que, se fosse apoiar Tarcísio (de Freitas), Ratinho (Jr.), Teresa (Cristina) ou qualquer outro nome que não seja da família Bolsonaro, ele tem que se decidir ainda este ano. É minha opinião. Mas ele pode optar por um membro da família dele, que aí pode ficar pro próximo ano (de eleição presidencial).

Os senhores se encontraram depois dessa fala do senhor? Bolsonaro chegou a reclamar?

Não, ele sabe dessa minha opinião e não respondeu nem que sim nem que não.

Existe um prazo para a definição desse candidato?

Tem de ser este ano.

O União Brasil tem o governador Ronaldo Caiado com pré-candidato. Como ficará esse pleito dentro da federação?

Se Caiado se tornar um candidato viável, teria todo meu apoio. Agora, não vejo viabilidade nenhuma para nenhum candidato no país sem o apoio de Bolsonaro e de Lula. Fatalmente, qualquer um com o apoio desses dois estará no segundo turno. Não vejo possibilidade de terceira via no país.

Existe uma pressão interna no PP para que Fufuca deixe o Ministério do Esporte. Isso vai ser decidido ainda?

Por mim, Fufuca não tinha entrado no ministério, mas isso é uma decisão que vamos ter depois da federação, que é o meu foco agora.

O PP tem ainda outras indicações dentro do governo, como a presidência da Caixa. Teria de deixar também, em caso de deliberação?

Isso não é uma indicação do PP, é uma indicação do Arthur Lira (PP-AL), indicação do presidente da Câmara e, agora, deve ter o respaldo do Hugo Motta (Republicanos-PB).

Lira pode ser chamado ainda para assumir algum ministério?

Eu opinei a ele que ele não deveria assumir nenhum ministério porque pode comprometer o projeto dele de ser senador por Alagoas. Não é bom para a candidatura dele, mas isso é minha opinião.

O PP apoia o projeto da anistia para os condenados do 8 de Janeira, da forma como está na Câmara?

Sim, 100%. É um tema que vou falar com deputado por deputado para que vote a favor. Quero entregar todos os votos favoráveis.

O senhor defende da forma como está hoje, inclusive com pedido de urgência?

Defendo. O ideal desse projeto é que as pessoas não sejam pura e simplesmente anistiadas, mas condenada apenas pelos crimes que cometeram, que é depredação de prédios públicos.

Tem apoio suficiente de outros partidos para avançar, inclusive no Senado, com o presidente Davi Alcolumbre tendo dito que isso não era uma pauta dos brasileiros?

Acho que sim. Acho que o presidente de Câmara e Senado não deve nem dar voto, eles têm de colocar para votar e a maioria decide. Não elegi o Alcolumbre para ele dizer o que vai ou não votar, e tenho certeza que a maioria dos deputados também não elegeu Motta para isso. Tem de colocar para votar e a maioria decidir.

Há algumas questões regionais ainda para resolver sobre a federação. Por exemplo, Pernambuco, onde há lideranças fortes em ambos os partidos, como fica?

Pernambuco já está decidido, o comando fica com o Progressistas. Tudo vai ser na base do número de parlamentares: o critério será esse. Pernambuco tem mais parlamentar do PP; Piauí, Rondônia, tem mais do União. São 9 estados com União, 9 com PP e 9 vai ter de ter uma decisão da Nacional, porque tem o mesmo número de parlamentares.

O senhor estava agora, durante a cerimônia de homenagem aos 40 anos da democracia e ao ex-presidente José Sarney, conversando com José Dirceu. Qual era o assunto?

Dois grandes amigos que tenho no PT são o Zé e o Edinho. A gente fala sobre tudo, política. São queridos amigos.

Qual é a avaliação do governo Lula hoje?

O grande problema do governo hoje é a falta de governo. O presidente não está com aptidão de resolver os problemas do país. Ele deu uma guinada agora para a esquerda. Ele pensa em ser bótom em camiseta no futuro, não pensa em unificar o Brasil. Quer ser o que foi Fidel, o que foi Che Guevara, não quis ser o Mandela, não.

Lula consegue recuperar a popularidade até 2026?

Não. É irreversível. O que está acontecendo no país é um efeito meio (Joe) Biden. As pessoas acham que o Lula não está mais com capacidade de governar o país. O processo inflacionário é irreversível, porque o governo não vai tomar as medidas de ajuste fiscal que o país precisa.

O senhor já foi próximo de Lula. O que tem de diferente no modo dele de governar agora?

Isolamento. O presidente hoje é completamente dissociado da realidade do país. É uma pessoa que não tem telefone. Quem não tem telefone só vê o que os outros mostram.

Os senhores não voltaram a se falar?

Não, só volto a falar com ele quando ele deixar a Presidência, se ele quiser, obviamente.

A escolha de Gleisi Hoffmann como ministra foi um acerto?

A ministra Gleisi, por mais que tenha um viés mais à esquerda, é uma pessoa conhecida por ter muita palavra. O grande problema é o que ela falou nesse período todo como presidente do partido e, principalmente, contra o ministro (Fernando) Haddad. Esse é o grande conflito. Ela vai ter que jogar fora tudo que escreveu, porque senão não tem como continuar como ministra com tudo o que ela pensava sobre Haddad.

Se o Lula chamar o senhor agora pra conversar sobre reforma ministerial, o senhor vai?

Impossível isso acontecer. Eu gosto do presidente Lula, é uma das figuras mais agradáveis que eu conheci na minha vida política, mas eu tenho divergência totais contra ele hoje. Acho que ele não deveria ter voltado à Presidência da República, foi um erro. Eu comparo muito a volta dele com a volta do Getúlio. Lula é um presidente analógico em época digital.

O PP vai apoiar o projeto de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil?

Por mim a isenção era para R$ 10 mil, R$ 20 mil. Tem que saber o que que eles vão utilizar para compensar essa situação. A gente vai avaliar. Se essa compensação for exequível, eu apoiarei totalmente.

Qual é a solução para o impasse das emendas?

Eu espero que tenha uma solução, não entendo por que não resolve isso. Transparência tinha que ser total. Não entendo por que tem algum parlamentar que não queira. A coisa que eu mais tenho orgulho é chegar numa cidade do Piauí e estar escrito que enviei emendas para alguma obra, tenho o maior orgulho disso.

Mas então o que impede isso?

É uma decisão política das duas Casas.

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