Alvo das investigações da Operação Faroeste, que apura um esquema de corrupção no Judiciário baiano, o ex-secretário de Segurança Pública do governo da Bahia Maurício Barbosa foi flagrado conforme o jornal O Globo em grampos da investigação. Nas gravações telefônicas ele promete interceder em favor de um empresário em um contrato com o governo estadual e diz que não iria fazer licitação por menor preço. “Fazer porra de licitação pra menor preço não”, afirma no diálogo.
Barbosa foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na semana passada sob acusação de obstruir as investigações contra personagens envolvidos no esquema. Suspeito de comandar uma central de interceptações na Secretaria de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa teve suas próprias conversas apreendidas pela Polícia Federal na operação. Em uma delas, segundo a PGR, o ex-secretário promete interceder por um amigo em uma contratação no governo e relata que não realizará um processo licitatório.
Em mensagem de áudio enviada no dia 8 de maio de 2019, após ser procurado por um empresário da área de segurança que tinha interesse em um contrato público, Maurício Barbosa afirma:
– Valeu meu irmão, tamo junto. É… veja se você precisar de qualquer apoio aí com Mariana, até que a gente interceda lá no processo, fazer porra de licitação pra menor preço não rapaz… botar sua lá… viu… – diz.
Além disso, a PGR afirma que Maurício Barbosa acumulou patrimônio acima dos seus salários de funcionário público e que ele tinha uma “sociedade ilegal” em uma empresa de segurança privada, apesar de ser o secretário de Segurança Pública.
“A análise do aparelho telefônico, apreendido pela Polícia Federal em poder de MAURÍCIO BARBOSA, trouxe à demonstração da magnitude de seu poder na área de segurança, visto que, além de ter se perpetuado no cargo de Secretário de Segurança Pública do Estado da Bahia, por quase uma década, não obstante seu contato com diversos investigados da Operação Faroeste, em atividades criminosas, ele comandava, ao menos, duas frentes empresariais no ramo da segurança privada”, escreveu a PGR.
Sobre seu patrimônio, a denúncia aponta: “MAURÍCIO BARBOSA, mesmo com salário de servidor público federal, acumulou patrimônio imobiliário na capital baiana e no litoral norte, dois automóveis de luxo, quais sejam a BMW X6, placa PKO6H21, e a BMW 320i, placa FLC4I14, além de 06 (seis) armas de fogo registradas em seu nome, sendo 03 (três) delas pistolas Glock”.
Maurício Barbosa foi exonerado do cargo de secretário de Segurança Pública da Bahia em dezembro do ano passado, depois de ser alvo da Operação Faroeste. No posto desde 2009, é suspeito de passar informações privilegiadas a outros investigados.
Procurada, a defesa de Maurício Barbosa afirma que o ex-secretário não tem nenhuma empresa de segurança e disse que o fato se trata de uma “situação hipotética fruto de um devaneio do Ministério Público Federal”. Sobre o grampo telefônico, diz que que a conversa precisa ser periciada para saberem se é verdadeira e em que contexto teria ocorrido. “O que se está fazendo com o ex-secretário Maurício Barbosa é de uma absurdez inominável, pois se acusa sem provas, mas com base em conjecturas. No momento apropriado a defesa vai desconstruir esse castelo de cartas do MPF provando a inocência dele”, afirmam os advogados Sérgio Habib e Thales Habib.