Favorito para assumir uma vaga no Supremo Tribunal Federal, o ministro da Justiça, Flavio Dino, passou a apoiar o nome do vice-procurador-geral Eleitoral Paulo Gonet ao cargo de procurador-geral da República. Presente nas reuniões que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez com candidatos, Dino agora se alinha segundo Mariana Muniz e Jeniffer Gularte, do O Globo, a dois dos mais influentes interlocutores no STF, os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, principais entusiastas da escolha de Gonet.
A decisão caberá ao presidente da República, que pretende ouvir mais candidatos. Pessoas próximas a Lula dizem que ainda não há um convencimento formado. Esses interlocutores ressaltam, contudo, que o petista tem demonstrado mais simpatia pela conversa com Paulo Gonet.
Ao lado do advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, Dino esteve recentemente com Lula e o próprio Gonet. O presidente também já ouviu o subprocurador-geral Antônio Carlos Bigonha, o favorito de alas do PT e do grupo Prerrogativas. Tanto Messias como Dino são cotados a uma vaga do STF, com a aposentadoria de Rosa Weber.
Dino entende que a PGR é um órgão estratégico e, por isso, defende que a avaliação dos postulantes ao cargo seja a mais minuciosa possível. Nos bastidores, o ministro é um ferrenho crítico do atual ocupante da cadeira, Augusto Aras, cujo mandato termina na próxima terça-feira. A interlocutores, Dino tem defendido a indicação de Gonet.
Cotados por integrantes do Planalto, Gonet e Bigonha devem ser ouvidos mais uma vez pelo presidente da República ou receber recados por meios de interlocutores sobre o processo de escolha. Ambos já tiveram conversa com o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. O entorno presidencial também reuniu informações minuciosas sobre cada um deles.
Mesmo com o acirramento da disputa entre os grupos que defendem Gonet e Bigonha, a possibilidade de um terceiro nome surgir com força na reta final não é descartada. Como mostrou a colunista Bela Megale, Lula escalou membros do governo e interlocutores de sua confiança no Judiciário para buscar uma nova opção. Ministros palacianos afirmam que o petista deverá conversar com novos candidatos quando retornar de Nova York, a partir de hoje.
Em quase nove meses de governo, Dino se tornou um dos principais conselheiros do presidente para assuntos do meio jurídico e tem ampliado influência em círculo no qual é o único nome fora do PT.
Integrantes da pasta da Justiça avaliam que o aumento das especulações de que Dino é o favorito para ocupar a vaga no Supremo faz parte de um movimento de petistas do governo para o excluírem do círculo de influência presidencial.
Também seria uma oportunidade para reabrir a discussão sobre a divisão do Ministério da Justiça e Segurança Pública em dois, como ocorreu durante a transição do governo, debate que não chegou à mesa de Lula, segundo Padilha.
Alvo de críticas
A ida de Dino, que é ex-juiz federal, para Corte conta com apoio de Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. Ambos também já defenderam o nome do presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, que esteve com Lula em Nova York. Entre os demais integrantes, o nome de Dino também é bem aceito.
Nos últimos dias, como publicou O Globo, Dino entrou na mira do Centrão e de colegas da Esplanada, incomodados com supostos excessos em operações da Polícia Federal, e do PT, que trabalha para diminuir o poder dele no núcleo mais próximo de Lula.
A crítica no PT é de que Dino não tem dado protagonismo à segurança pública, o que justificaria a divisão. Aliados de Dino alegam que o ministro tem atuado para “desbolsonarizar” forças policiais. O PT reivindica o comando da pasta, em caso de desmembramento.