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O líder da União Brasil, Elmar Nascimento (BA) - Zeca Ribeiro-21.mai.2024/Câmara dos Deputados
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terça-feira 4 de junho de 2024 às 06:42h

Favorito de Lira, Elmar fecha apoio do PSB em meio a ameaça velada de ruptura do União com Lula em caso de veto

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Favorito do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para a sua sucessão, o líder do seu partido na Casa, o deputado baiano Elmar Nascimento (União Brasil), atua em frentes distintas na tentativa de angariar apoios e se consolidar na busca pelo posto mais cobiçado da Casa. Ao mesmo tempo que ventila nos bastidores a possibilidade de rompimento com o governo caso haja veto ao seu nome, o que divide segundo Gabriel Sabóia, do O Globo, seus colegas de partido, faz gestos para minimizar resistências na esquerda, especialmente no PT e no PSB. Em outra frente, mantém agendas frequentes com o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O deputado baiano é hoje o que menos agrada ao Palácio do Planalto entre os atuais postulantes e chegou a ser barrado de assumir um ministério no início do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo fato de ser adversário local do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Agora, com a aproximação da corrida pelo comando da Câmara, marcada para fevereiro de 2025, Elmar desponta como um dos principais concorrentes, ao lado dos deputados Marcos Pereira (Republicanos-SP), Antônio Brito (PSD-BA) e Isnaldo Bulhões (MDB-AL).

Ressalvas no governo

A relação próxima com opositores e sua forma de negociar cargos no governo, comparada à de Lira, contudo, têm motivado auxiliares de Lula a colocarem ressalvas à possibilidade de o líder do União presidir a Casa.

O União indicou os titulares de três ministérios na Esplanada — Integração Nacional, Comunicações e Turismo —, além de ter a expectativa do apoio do Planalto à candidatura de Davi Alcolumbre (União-AP) para presidir o Senado. O senador amapaense é o nome defendido pelo atual chefe da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e desponta como principal concorrente na disputa.

Por isso, o possível rompimento do partido com o governo, defendido por Elmar no caso de eventual veto ao seu nome, divide opiniões entre caciques da sigla. Apesar de em muitas votações contrariarem os interesses do Planalto, como ocorreu semana passada na votações sobre a “saidinha” de presos, parlamentares do União reconhecem que a presença no governo facilita o atendimento a demandas e não gostariam de ver o espaço reduzido.

Presidente nacional do partido, Antônio Rueda diz não acreditar que Lula vetaria o nome de Elmar e reconhece que atitude, caso eventualmente ocorresse, “não pegaria bem” na legenda, mas evita falar em rompimento:

— Nenhum candidato pode ser vetado pelo presidente da República. A eleição é do Congresso, é bom lembrar. Mas não vejo o presidente Lula vetando a quem quer que seja, muito menos o Elmar. Ninguém do partido veria bem um veto deste tipo. Temos sido corretos com o governo durante todo esse tempo, não vejo o porquê de algo desta natureza em direção a um nome do União Brasil.

Ao mesmo tempo que ameaça nos bastidores, Elmar tenta fazer movimentos para se aproximar do governo e até mesmo aparar arestas com Rui Costa, a quem criticou em entrevista ao GLOBO no passado pela demora na liberação de emendas parlamentares. O líder do União na Câmara se reuniu há duas semanas com o ministro e com o líder do PT no Senado, Jaques Wagner. Tanto Costa quanto Wagner foram governadores da Bahia após derrotar o grupo político de Elmar em eleições.

Em outra frente, Elmar tenta ganhar espaço na esquerda com acenos que envolvem as eleições municipais deste ano: o União acertou apoio à reeleição do prefeito de Recife, João Campos (PSB), por exemplo. O movimento, em contrapartida, reforça a posição do PSB em apoiar Elmar à presidência da Câmara. Na Bahia, ele deixou de lado as duras críticas que fazia ao governador Jerônimo Rodrigues (PT) e passou a ter uma interlocução direta com ele. Uma foto dos dois acompanhados por Lira reduziu a temperatura, ainda que temporariamente, da disputa local. Os aliados de Elmar também baixaram o tom, depois de terem sido orientados a votar a favor de projetos de interesse do governo na Assembleia Legislativa.

Na outra ponta, o líder do União também trabalha para ganhar a simpatia dos bolsonaristas. O deputado mantém encontros frequentes com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e se coloca como o único, dentre os nomes na disputa, capaz de “comprar a briga” de parlamentares de oposição na Câmara. Entre os postulantes, só ele, por exemplo, defendeu a derrubada da prisão preventiva do deputado Chiquinho Brazão (ex-União, hoje sem partido) determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pela acusação de ter mandado matar a vereadora Marielle Franco (PSOL). Elmar faz pressão interna para que o União apoie a candidatura de Alexandre Ramagem (PL) à Prefeitura do Rio. Esta aliança daria a Ramagem maior tempo no programa eleitoral e poderia trazer a simpatia do núcleo bolsonarista.

Com 99 deputados, a maior bancada da Casa, o PL é considerado uma espécie de “fiel da balança” para os nomes hoje colocados na disputa. Como mostrou o GLOBO, Valdemar afirma que a sigla apoiará o deputado que se comprometer em aprovar uma anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e demais integrantes do partido investigados por suspeita de participação na trama golpista.

Até o momento, porém, nem mesmo Lira declarou quem apoiará na disputa. Por isso, para aliados de Elmar, a possibilidade de veto do presidente da República soou como uma tentativa de tirá-lo do páreo, já que caso a candidatura não decolasse, o ônus de vetar um postulante não seria do chefe da Câmara.

Fugindo do ‘governismo’

Enquanto Elmar tenta romper resistências no Planalto, Antônio Brito e Marcos Pereira buscam se desgarrar da pecha de “governistas” para atrair o apoio da oposição. Os acenos de Brito se intensificaram nas últimas semanas por meio de posicionamentos da bancada do PSD. O deputado, que é o líder do partido na Câmara, se comprometeu com os opositores, por exemplo, a liberar a bancada do partido na votação do projeto que trata das regras de streaming e que enfrenta resistência de bolsonaristas.

Em outra pauta cara ao bolsonarismo, o PSD se colocou favorável à abertura de um novo prazo para o recadastramento de armas de fogo de uso permitido ou restrito junto à Polícia Federal e no Sistema Nacional de Armas (Sinarm). A Comissão de Segurança Pública da Câmara já aprovou o tema, que vai agora para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Brito também trabalhou pela aprovação da resolução que deu o nome da ex-deputada Amália Barros (PL-MT), que morreu no mês passado, ao Prêmio Brasil Mais Inclusão, concedido pela Casa a empresas e pessoas físicas que tenham se destacado na área de inclusão de pessoas com deficiência. O gesto agradou à bancada bolsonarista. Além disso, o parlamentar — que se declara católico — tem participado de cultos organizados pela bancada evangélica.

Já Pereira se reuniu com Bolsonaro no mês passado e ouviu que não haveria objeções à sua empreitada. Há 15 dias, porém, passou a ser alvo de críticas de aliados do ex-presidente por defender, em evento em Nova York, a aprovação do projeto que trata da regulamentação das rede sociais.

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