Lideranças nacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) elogiaram a atuação do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, no governo e classificaram a relação com o ministro como “democrática”, “transparente” e de “amplo entendimento”. Os elogios foram feitos segundo Cristiane Agostine, do jornal Valor, mesmo depois de o ministro ter criticado o MST pela invasão de áreas como as da Embrapa, em Petrolina (PE), e da Suzano, em Aracruz (ES), em abril, e comparado as ações aos atos golpistas de 8 de janeiro.
Um dos principais líderes do MST, o economista João Pedro Stédile disse que o MST tem mantido um bom diálogo com Fávaro. “[É uma] relação democrática. Acho que ele é um homem sério”, afirmou Stédile, ao participar de um evento promovido pelo movimento em São Paulo, no sábado. “Acho que o Ministério da Agricultura está em boas mãos”, declarou.
Questionado sobre as críticas do ministro, Stédile minimizou. “Isso faz parte da política brasileira, que fica se baseando em retórica.”
Na quinta-feira (27), Fávaro fez duras críticas a ações do MST no “Abril Vermelho”, com a invasão de terras, e comparou os atos a ataques feitos por golpistas aos Três Poderes, em 8 de janeiro. “É papel do Estado ajudar que a reforma agrária aconteça, mas dentro da lei. Invasão de terra produtiva não é concebível. Eu comparo, e já disse isso com muita tranquilidade, ao ato repugnante da invasão do Congresso Nacional ao mesmo nível de terra produtiva. E até porque não vai surtir efeito”, disse Fávaro.
Integrante da direção nacional do MST, a agrônoma Ceres Hadich também desconversou sobre as críticas e disse que o ministro faz parte do “agronegócio que dialoga, que é produtivo e tem projeto de desenvolvimento nacional”. “É uma pessoa de amplo diálogo, amplo entendimento e que também tem sido bastante atacado por setores de extrema direita do agronegócio”, disse. Para Ceres, os ataques de Fávaro foram um posicionamento do ministro para “tentar dialogar com setores mais radicalizados” do agronegócio.
Stédile e Ceres participaram no sábado de um evento do MST que lançou a 4º feira nacional da reforma agrária do movimento, que acontecerá entre os dias 11 e 14, em São Paulo. Fávaro será convidado para participar da feira, em um contraponto ao “desconvite” feito pela Agrishow, feira de Ribeirão Preto (SP) ao ministro, que gerou constrangimento a parte do agronegócio com o governo federal.
O MST disse que participará do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, e de outros conselhos sociais do governo Luiz Inácio Lula da Silva. “Estamos nos recolocando nesses processos de participação”, disse Ceres.