Algumas das famílias mais ricas do mundo estão embolsando cerca de US$ 7 bilhões em uma rara onda de vendas de suas participações em empresas listadas, aproveitando segundo reportagem da Bloomberg, ganhos recentes em meio a crescentes temores de volatilidade do mercado.
A dinastia bilionária italiana Agnelli divulgou planos na quarta-feira (26) para vender uma participação de aproximadamente €3 bilhões na Ferrari, em parte para ajudar a ampliar seus investimentos além da fabricante de supercarros.
No mesmo dia, um gestor financeiro da secreta dinastia Reimann anunciou a venda de ações da Keurig Dr Pepper no valor de aproximadamente US$ 2,5 bilhões, com base no preço de fechamento das ações.
E a família fundadora da gigante de brinquedos Lego registrou na terça-feira (25) a venda de 1,5 bilhão de coroas dinamarquesas (US$ 209 milhões) na empresa de serviços de escritório ISS, seguindo um movimento similar no mês passado pelo clã sul-africano Rupert, que ganhou cerca de US$ 1,4 bilhão vendendo toda sua participação na British American Tobacco (BAT).
As quatro famílias — que, com exceção dos Ruperts, permanecem como grandes investidores em cada empresa após suas vendas de ações — têm um patrimônio líquido coletivo de US$ 75 bilhões, de acordo com o Índice de Bilionários da Bloomberg.
“A transação nos permitirá reduzir nossa concentração e melhorar a diversificação”, disse John Elkann, CEO do veículo de investimento dos Agnellis, a Exor, em um comunicado na quarta-feira.
Famílias super-ricas frequentemente reduzem seus ativos listados para necessidades de liquidez e planejamento patrimonial. Os rendimentos costumam ser direcionados para investimentos em private equity, imóveis, filantropia e outras áreas. Ainda assim, é raro ver um volume tão alto de grandes vendas em questão de dias.
Volatilidade no mercado
Os movimentos ocorrem em meio à crescente ansiedade sobre mercados voláteis, no momento em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaça repetidamente impor tarifas a parceiros comerciais importantes durante os primeiros meses de seu governo.
A incerteza tem pesado sobre as ações americanas. O índice S&P 500 caiu mais de 2% desde que Trump assumiu o cargo, ajudando a impulsionar a alta das ações em outros mercados, incluindo na Europa, onde ISS, BAT e Ferrari têm listagens.
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O índice Stoxx Europe 600 ganhou mais de 6% desde a posse de Trump em 20 de janeiro até quinta-feira (27), quando uma fundação da família Sandoz por trás da Novartis também vendeu uma participação de aproximadamente 1,2% no grupo farmacêutico suíço por 2,6 bilhões de francos suíços (US$ 2,9 bilhões).
A Exor havia feito pouco anteriormente para reduzir sua participação na Ferrari desde a oferta pública inicial da fabricante de automóveis em Nova York em 2015. A empresa de investimentos planeja usar os rendimentos da transação recente para financiar uma aquisição “considerável” e recompras de ações, informa a Bloomberg..
As ações da Ferrari subiram mais de sete vezes desde que começou a ser negociada publicamente, ajudando a torná-la o maior ativo da Exor no início do ano passado.
Outros investimentos da empresa, que tem sede em Amsterdã, incluem a montadora Stellantis, a fabricante de tratores CNH Industrial e o Juventus Football Club.