Desde quando a revista “Forbes” começou a publicar seu ranking anual de bilionários brasileiros, em 2012, o sobrenome Odebrecht sempre esteve presente. No ano passado, a família que comanda a construtora de mesmo nome apareceu no ranking com um patrimônio estimado em R$ 4,7 bilhões. Neste ano, porém, ficou de fora da seleta lista pela primeira vez.
Fundado em 1944 por Norberto Odebrecht, que faleceu em 2014, o grupo Odebrecht chegou a faturar R$ 132 bilhões e empregar 193 mil pessoas. Os negócios do conglomerado baiano foram afetados pelos esquemas de corrupção revelados pela operação Lava Jato a partir de 2015.
Em junho, com quase R$ 100 bilhões em dívidas, a holding Odebrecht S.A. entrou com o maior pedido de recuperação judicial da história brasileira. Um dos credores, a Caixa Econômica Federal entrou na Justiça para tentar barrar o pedido.
Decadência familiar após a Lava Jato
Herdeiro do grupo, Marcelo Odebrecht foi preso preventivamente em junho de 2015, na 14ª fase da Lava Jato. Em março de 2016, o executivo foi condenado pelo então juiz Sérgio Moro a 19 anos e quatro meses de prisão, pelo pagamento de propina a funcionários da Petrobras em troca de favorecimento em contratos com a estatal.
Marcelo passou para a prisão domiciliar em dezembro de 2017 e conseguiu liberdade em 12 de setembro de 2019.
Delação premiada
Em dezembro de 2016, 77 executivos do grupo assinaram um acordo de cooperação com a Justiça, que ficou conhecido como “a delação do fim do mundo”, por implicar dezenas de políticos em esquemas de corrupção. Um levantamento do UOL aponta que a delação resultou em 89 inquéritos criminais.
Filho do fundador Norberto e presidente do conselho de administração do conglomerado até 2018, o patriarca Emílio Odebrecht, 74, assinou um acordo com a Justiça Federal que prevê um afastamento total dos negócios do grupo e pena de prisão domiciliar de quatro anos, que ele só deve começar a cumprir a partir de dezembro deste ano.