A declaração dada peplo presidente Lula levantando dúvida sobre a possível indicação de Flávio Dino ao STF foi vista segundo o colunista Igor Gadelha, do Metrópoles, tanto por aliados quanto por adversários do ministro, como um banho de água fria nos planos dele de ir para a Corte.
Durante encontro com jornalistas no Palácio do Planalto nesta sexta-feira (27/10), o presidente da República disse ter dúvidas se seria melhor manter Dino no Ministério da Justiça ou indicá-lo para o Supremo.
“(…) E obviamente que sou obrigado a reconhecer que o Flávio Dino é uma pessoa altamente qualificada do ponto de vista do conhecimento jurídico, altamente qualificada do ponto de vista político. É uma pessoa que pode contribuir muito. Mas eu fico pensando, onde o Flávio Dino será mais justo e melhor para o Brasil? Na Suprema Corte ou é no Ministério de Justiça? Aí tem outra questão que eu fico pensando, onde ele será mais justo?”, disse Lula.
Para aliados e adversários de Dino, embora o presidente tenha feito elogios, a fala foi ruim para o plano do ministro, na medida em que Lula expôs publicamente a avaliação de que o auxiliar pode ajudar mais no governo que no STF.
Mais do que isso, a leitura foi de que Lula também tornou pública a preocupação que já vinha demonstrando nos bastidores sobre a eventual sucessão de Dino no Ministério da Justiça, caso o ministro vá para o STF.
“Justo”
Entre adversários de Dino na corrida ao Supremo, houve ainda uma avaliação específica sobre o trecho em que Lula diz pensar onde o ministro “será mais justo”: se na Corte ou no Ministério da Justiça.
O uso da palavra “justo” pelo presidente foi interpretado como uma possível referência a um perfil “punitivista” de Dino, que seria bom para o governo no Ministério da Justiça, mas ruim se aplicado no Supremo.