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segunda-feira 13 de novembro de 2023 às 08:13h

Facção loteia ruas e vende ‘franquias’ de tráfico de drogas

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A influência e controle do Primeiro Comando da Capital (PCC) sobre os territórios de tráfico de drogas em São Paulo foram evidenciados em uma recente reportagem da Folha de S. Paulo, que teve acesso a diálogos e documentos interceptados pela Polícia Civil e Ministério Público do estado.

A matéria revela segundo Raul Holderf Nascimento, do Conexão Política, que essa dinâmica, exemplificada pela disputa por um morro no litoral paulista, reflete o papel determinante da facção criminosa na tomada de decisões sobre quem pode ou não comercializar entorpecentes nas ruas. Autoridades policiais e promotores destacam que essa realidade se estende por praticamente todo o território paulista e alcança cidades de outros estados, como parte do Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais.

Os documentos apreendidos mostram a consolidação desse domínio ao longo dos anos. Mesmo que um traficante não faça parte do grupo, a condição para comercializar drogas no estado de São Paulo é adquiri-las de membros do PCC. Em termos práticos, todos os pontos de venda de entorpecentes, conhecidos como “lojas”, são considerados propriedade da facção. Esses pontos são vendidos ou arrendados para criminosos aliados, em um modelo semelhante a franquias de redes de restaurantes fast-food, conforme explicam delegados e promotores.

Planilhas apreendidas pela Polícia Civil em 2016 revelam que a cidade de São Paulo estava dividida em cinco grandes regiões, subdivididas pelo PCC em 55 áreas, cada uma contendo várias “biqueiras”. Documentos indicam que, nas “lojas” pertencentes ao PCC, os “gerentes” ficam com 5% do lucro, enquanto os demais “funcionários” dividem 15%, reservando o restante (80%) para a cúpula da facção.

Em pontos de venda de “franqueados”, os salários dos “funcionários” variam conforme a região. Entretanto, os donos desses pontos devem seguir regras rigorosas, pois, em caso de descumprimento, o PCC pode retomar o controle do ponto e vendê-lo a outro criminoso. Investigações do Ministério Público indicam que esses pontos podem ser comercializados por valores que variam de R$ 50 mil a até R$ 3 milhões, dependendo da localização.

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