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Conab estima que o Brasil vá produzir 6,7 milhões de toneladas a menos de grãos. Foto: Divulgação
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sexta-feira 21 de janeiro de 2022 às 07:17h

Extremos climáticos de Norte a Sul do Brasil já custaram R$ 43,8 bilhões ao agronegócio

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O contraste climático no País, com chuvas torrenciais em Minas Gerais e na Bahia, e seca histórica nos estados da região Sul, está esfriando o otimismo dos empresários do agronegócio e aumentando o temor sobre o desempenho do campo em 2022. Segundo a revista IstoÉ, a mais recente projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) do ciclo agrícola deste ano estima que o Brasil deve produzir um volume total de 284,4 milhões de toneladas de grãos na safra 2021/22, aumento de 12,5% (32 milhões de toneladas) em relação à safra passada. A estimativa da área total a ser cultivada no País nesta safra é de 72,1 milhões de hectares, alta de 4,5% sobre a safra anterior. A própria Conab, no entanto, condiciona esse crescimento à normalização do clima. Segundo o presidente do órgão, Guilherme Ribeiro, estiagem e chuvas fora dos padrões históricos são uma ameaça real. “A região Sul é produtora de milho e soja e isso vem impactando a nossa produção anual. Essa situação está sendo acompanhada de perto”, disse.

O descompasso meteorológico, agravado pelo fenômeno La Niña e pelo desmatamento recorde da Amazônia, já causou prejuízo de R$ 45,3 bilhões para Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, segundo cálculos do próprio governo. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, esteve pessoalmente em áreas rurais do Rio Grande do Sul e Paraná para verificar in loco a situação das lavouras e ouvir reivindicações dos produtores, mas reconheceu que há pouca alternativa para evitar os impactos da seca. “Não vim com nenhuma solução mágica, nem trazer financiamento novo. Vim para olhar, para sentir junto e para motivar ainda mais nossa equipe a trabalhar e trazer decisões, ações e soluções daquilo que a gente pode fazer”, disse a ministra, durante encontro com lideranças, políticos e agricultores paranaenses. “Estamos aqui para achar soluções e encaminhá-las com agilidade para poder plantar a safrinha na época certa. Vamos trabalhar para amenizar o impacto desse estresse hídrico.”

“Não tenho nenhuma solução mágica nem financiamento novo” Tereza Cristina Ministra da Agricultura.

Mesmo com a eventual melhora de humor de São Pedro, a redução da colheita de grãos na safra 2022/23 é tida como inevitável. Já é dado como certo pela Conab que oBrasil vai produzir 6,7 milhões de toneladas de grãos a menos do que o estimado em dezembro do ano passado. Desse total, 6,6 milhões são referentes às perdas registradas apenas nas culturas de soja e milho no Sul do País.

R$ 45,3 bilhões é o prejuízo causado pela seca nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, de Santa Catarina e do Mato Grosso do Sul

Para Rafael Tomé, sócio e especialista em Agro da Valor Investimentos, o baixo crescimento do agro pode ser mais um fator negativo na composição do PIB já neste ano, que já será influenciado pelas eleições e pelo desempenho fraco da atividade industrial. “A estiagem no ano de 2021 já teve grande impacto no PIB, refletindo inclusive na alta dos preços dos alimentos”, disse Tomé. Na avalição dele, o setor começou com boa expectativa pelas chuvas que não ocorreram no fim do ano passado, porém a chuva em demasia nesse começo de ano deve influenciar também no PIB de 2022. “O excesso de chuvas pode atrasar o início da colheita, atrasando também o plantio da safrinha e afetando a qualidade do produto que será colhido agora na primeira safra.”

Para tentar inibir o pessimismo no setor, que representou 26,6% do PIB em 2020, segundo a CNA, e deve bater recorde de preço nas cotações internacionais, a ministra pediu aos produtores mais “calma e equilíbrio”. Segundo ela, o governo deverá lançar ações imediatas, com efeitos de médio e de longo prazos, como a ampliação da política do seguro rural. “É um problema, é triste, mas temos que nos antecipar nas ações para seguir de maneira menos pior”, disse. “Nas crises é que surgem, às vezes, as grandes soluções.” Sim, às vezes.

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