quinta-feira 20 de fevereiro de 2025
O presidente Lula acena ao público durante cerimônia de anúncio de investimentos na indústria naval, no terminal da Transpetro em Angra dos Reis — Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo
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segunda-feira 17 de fevereiro de 2025 às 15:10h

‘Extrema-direita ganhou contra o papel do Estado’, lamenta Lula em cerimônia

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O presidente Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira, em visita ao estado do Rio, que a “extrema-direita ganhou a batalha contra o papel do Estado”, e cobrou aliados e apoiadores a “defender com mais coragem aquilo que a gente acredita”. Em sua fala, Lula fez críticas à Operação Lava-Jato, a qual classificou como um “caça-níquel contra todos os que defendiam a Petrobras”, e disse que “vão tentar privatizar” a empresa petroleira “quantas vezes o povo votar errado”.

Lula procurou, em seu discurso, reagir a críticas normalmente dirigidas a governos petistas pela oposição de direita e bolsonarista no Congresso Nacional. As declarações do presidente ocorreram em um momento de queda na aprovação do governo, medida por pesquisa Datafolha na semana passada, em um cenário de campanha ferrenha de opositores nas redes sociais contra a atuação do governo federal.

— A extrema-direita nesse país ganhou a batalha contra o papel do Estado: (dizem que) é corrupto, não presta, é caro, que tudo que é bom tem que vir da iniciativa privada. E muitas vezes nós acreditamos. É preciso que a gente assuma uma responsabilidade de defender com mais coragem aquilo que a gente acredita porque, se a gente não levar a sério, vão querer privatizar outra vez — afirmou o presidente.

O discurso de Lula ocorreu ao final de uma cerimônia com anúncios de fomento à indústria naval, no terminal da Transpetro em Angra dos Reis (RJ). A visita contou com o lançamento de uma licitação para a aquisição de oito navios gaseiros, ampliando a frota da Transpetro de seis para 14 embarcações.

A avaliação do petista despencou em pesquisa Datafolha divulgada na última sexta-feira, que registrou um recuo de 11 pontos no percentual dos entrevistados que consideram o governo ótimo ou bom: passou de 35% em dezembro para 24% neste mês.

O índice representa a pior avaliação de Lula em todos os seus mandatos na Presidência, abaixo inclusive de sua avaliação no auge da crise do Mensalão, o fim de 2005. À época, a gestão do petista era avaliada como ótima ou boa por 28% dos entrevistados pelo Datafolha, o que até hoje era o índice mais baixo registrado por Lula.

Segundo a pesquisa divulgada na última sexta-feira, 41% consideram o governo ruim ou péssimo, enquanto outros 32% responderam que ele é regular. Na sexta, pouco após a divulgação dos números, Lula afirmou durante um evento em Parauapebas (PA) — sem fazer alusão direta à pesquisa Datafolha — que deseja fazer um governo “melhor do que fui em 2010”. Na ocasião, ele encerrou seu segundo mandato com 83% de ótimo/bom, a melhor avaliação de um presidente já medida pelo instituto.

Antes da divulgação da pesquisa, Lula já vinha sinalizando dúvidas sobre uma eventual candidatura à reeleição em 2026. Em entrevista a uma rádio do Pará na manhã de sexta-feira, o presidente lembrou que tem hoje 79 anos e condicionou uma nova disputa nas urnas a estar “com 100% de saúde e energia” e com “cabeça limpa”.

A queda na avaliação de Lula ocorreu em meio ao desgaste do governo após a controvérsia envolvendo o Pix, no fim do ano passado, devido a um ato normativo da Receita Federal que estabelecia, entre outros temas, novas regras de monitoramento para esse tipo de transação. A norma da Receita foi posteriormente revogada, após ser alvo de críticas da oposição e ser associada a uma queda no volume de transações via Pix em janeiro.

O governo também vem tendo a popularidade corroída, de acordo com levantamentos recentes, pela inflação de alimentos. Pesquisa Quaest divulgada no fim de janeiro registrou que 83% dos entrevistados apontaram aumento de preços em relação ao mês anterior. O mesmo levantamento apontou que, para 66% dos entrevistados, o governo errou na forma como se portou na crise do Pix.

Afagos a Lula

A cerimônia se converteu, em diferentes momentos, em ato de apoio aberto a Lula, com desejos de que concorra à reeleição. Em seu discurso, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira afirmou que “Lula 4, se Deus quiser, vai ser ainda melhor” do que “Lula 3”, como é habitualmente chamado o terceiro (e atual) mandato do presidente. O ministro também conclamou seus colegas a “usar as redes sociais e os instrumentos que nós temos para defender as políticas sociais” do atual governo.

— Só precisamos mostrar o que estamos fazendo. O povo brasileiro vai ver rápido. E vamos, se Deus quiser, o presidente Lula vai continuar dirigindo o Brasil por bons anos — declarou Silveira.

Em outra fala na cerimônia, o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, elogiou os investimentos do atual governo na indústria naval afirmando que “foi por isso que nós fizemos o ‘L'”.

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