O Brasil exportou 50,3 bilhões de dólares em alimentos industrializados nos primeiros dez meses de 2023, um aumento de 1,8% frente ao mesmo período do ano anterior. O desempenho das exportações foi puxado de acordo com Felipe Erlich, da coluna Radar Econômico, por uma alta no volume de produtos transacionados, de 7,7%, que compensou uma redução de 5,5% no preço médio dos itens, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA).
Entre janeiro e setembro deste ano, os principais produtos exportados pela agroindústria brasileira foram proteínas animais, açúcares e farelos de soja — representando cerca de 19,6 bilhões de dólares; 12 bilhões de dólares e 10,5 bilhões de dólares. Entre as três categorias, a de proteínas animais foi a única que apresentou queda no volume financeiro transacionado, de 10,6%.
Globalmente, o valor de produtos agrícolas e agroindustriais tem caído ao longo do ano, cenário que a ABIA atribui a um contexto externo desafiador, com a alta de juros promovida por bancos centrais de todo o mundo. A associação também considera que a piora das condições climáticas, associadas ao fenômeno El Niño nos próximos meses, e possíveis desdobramentos do conflito entre Israel e Hamas podem elevar os preços das commodities agrícolas.
Lugar do Brasil no mundo
Atualmente, o Brasil é o país que mais exporta alimentos industrializados do mundo, vendendo quase 65 milhões de toneladas em 2022, ante 52,5 milhões de toneladas do segundo colocado, os Estados Unidos. Contudo, o país figura em quinto lugar em valor transacionado, atrás dos Estados Unidos, Holanda, Alemanha e França, respectivamente. A produção brasileira se traduziu em quase 60 bilhões de dólares em 2022, enquanto os EUA praticamente alcançaram os 90 bilhões de dólares.
Com pontuado pela ABIA, o Brasil é notoriamente o “celeiro do mundo”, não o “supermercado do mundo” carecendo de valor agregado em sua produção. Para a associação, investimentos em infraestrutura de transportes, a simplificação do sistema tributário e a ratificação de acordos comerciais, como o entre Mercosul e União Europeia, são o caminho para melhorar a produção industrial do setor.