Demitido do cargo de secretário da Cultura pelo presidente Jair Bolsonaro por causa de um vídeo em que copia uma fala do nazista Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Adolf Hitler, Roberto Alvim divulgou neste último domingo (19) um áudio e um comunicado a seus contatos no WhatsApp em que assume a responsabilidade pelo discurso. “Eu escrevi o texto do meu discurso no vídeo, a partir de várias fontes e ideias, que me chegaram de muitos lugares”, diz.
Alvim diz que seus assessores, Denia Magalhães, Alessandro Loiola e Alexandre Leuzinger “não têm nada a ver com a escritura”. O comunicado é uma resposta a uma publicação do site AgoraParaná, que afirmou neste domingo que o texto lido pelo ex-secretário havia sido redigido pelos assessores, “que o levaram à queda”.
A seus contatos, Alvim diz que não sabia que o discurso tinha origem nazista. “Não percebi nada errado ali… mas errei terrivelmente ao não pesquisar com cuidado a origem e as associações de algumas frases e ideias e assumo a responsabilidade por meu erro. Perdi tudo por causa desse erro terrível”, afirma.
O ex-secretário pede desculpas à comunidade judaica e diz que tem repúdio pelo nazismo e por outros regimes genocidas. Continua, dizendo que começa a “desconfiar não de uma ação humana, mas de uma ação satânica em toda essa horrível história” e que está cuidando de sua mulher e filho, “que estão destroçados”.
Inicialmente, na sexta-feira (17) Alvim havia classificado a referência ao discurso de Goebbels como uma “coincidência retórica”. O vídeo foi repudiado pelos presidentes da Câmara, Senado e Supremo Tribunal Federal e por associações judaicas, além de membros da oposição e da própria base do governo. Ao anunciar a demissão, Bolsonaro afirmou que “um pronunciamento infeliz” tornou “insustentável” a permanência do secretário.
Para o lugar de Alvim, o presidente convidou a atriz Regina Duarte. Ela ainda não decidiu se aceita e deve se encontrar com Bolsonaro nesta segunda-feira 20 para discutir o assunto.