Cadáveres foram encontrados em túnel após combate contra membros do Hamas em Khan Yunis, no sul do enclave. Famílias pedem que governo israelense retome negociações pelo retorno dos reféns pelo fim do conflito. O Exército israelense informou nesta terça-feira (20) que os corpos de seis reféns foram encontrados em um túnel subterrâneo em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, após um combate contra militantes palestinos.
A notícia surge em meio aos esforços pela retomada das negociações para um cessar-fogo na região e pelo retorno dos mais de 100 reféns que ainda estão sob poder do grupo radical islâmico Hamas desde os ataques terroristas de 7 de outubro do ano passado em solo israelense.
As vítimas foram identificadas como Yagev Buchshtab, Alexander Dancyg, Yoram Metzger, Nadav Popplewell e Chaim Peri, que já haviam sido declarados mortos, e Abraham Munder, cuja morte foi anunciada nesta terça-feira pelo kibutz Nir Oz, próximo a Gaza. A comunidade foi duramente atingida pelos ataques de 7 de outubro.
Os terroristas sequestraram Munder, sua esposa, sua filha e seu neto, e assassinaram seu filho no dia do ataque. Os outros membros da família foram libertados durante a trégua de novembro, a única que chegou a ser implementada, que durou uma semana.
O ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant, disse que os corpos dos seis reféns foram recuperados por soldados israelenses após uma “operação complexa”.
“Durante a operação, nossas forças localizaram a entrada de um túnel de cerca de 10 metros de profundidade que levava a uma rota subterrânea de túneis onde os corpos dos reféns foram encontrados”, afirmou em nota o Exército de Israel. “O resgate foi realizado após um prolongado combate em uma área construída e em edifícios de vários andares contra os militantes, muitos dos quais foram mortos.”
“Continuaremos a trabalhar para atingir nossos objetivos nessa guerra: o retorno dos reféns e o desmantelamento do Hamas”, assegurou Gallant.
Famílias pedem que Israel negocie acordo
O Fórum das Famílias dos Reféns, uma organização que representa os familiares dos sequestrados, renovou o pedido para que o governo conclua um acordo pela libertação dessas pessoas em caráter de urgência.
“O retorno imediato das 109 pessoas restantes somente poderá ser alcançado através de um acordo negociado. O governo israelense, com a ajuda de mediadores, deve fazer de tudo em seu poder para finalizar o acordo que já está colocado”, disse a entidade.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, fortemente criticado pelas famílias dos reféns pelo fracasso em selar um acordo, assegurou que o governo seguirá trabalhando para atingir esse objetivo. “O Estado de Israel continua a fazer todos os esforços para o retorno de todos os reféns”, disse o premiê, em nota.
O Exército israelense afirma que o número de reféns em poder dos terroristas seria de 105, incluindo 34 que estariam mortos.
Negociações travadas
A maioria dos reféns foi capturada pelo Hamas quando seus militantes invadiram comunidades em Israel e mataram em torno de 1.200 israelenses, sequestrando 251 pessoas. O Hamas já mantinha reféns dois israelenses que entraram em Gaza há cerca de dez anos, além dos corpos de dois soldados de Israel mortos em 2014.
Desde 7 de outubro, as forças israelenses devastaram amplas regiões da Faixa de Gaza, forçando o deslocamento dos quase 2,3 milhões de habitantes do enclave e provocando a morte de mais de 40.000 palestinos, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas.
O Hamas almeja a libertação de prisioneiros palestinos mantidos em prisões israelenses como parte de um possível acordo com Tel Aviv. Segundo a Associação de Prisioneiros Palestinos, na Cisjordânia, haveria mais de 9.900 palestinos sob custódia das autoridades israelenses.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, se reuniu nesta terça-feira com autoridades do Egito, em meio a tentativas de trazer Israel e o Hamas de volta à mesa de negociações em busca de um fim para o conflito e do retorno seguro dos reféns.