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Executivo denunciado controlava contas de bilionário brasileiro

quinta-feira 7 de junho de 2018 às 17:28h

O economista Oswaldo Prado Sanches, denunciado nesta quarta-feira (7) em decorrência das investigações da Operação Câmbio, Desligo, tinha contato direto com o bilionário brasileiro Julio Bozano, inclusive controlando sua conta pessoal.

A informação consta na denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal contra Sanches e outras 61 pessoas por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e organização criminosa.

Sanches era até abril diretor da companhia Bozano, empresa da família do bilionário Julio Bozano, um dos homens mais ricos do país com fortuna estimada em R$ 5,7 bilhões. Ele começou a trabalhar no grupo desde 1986.

No pedido de prisão, divulgado há um mês, os procuradores mencionavam que o economista atuava em nome da empresa, usando inclusive contas da companhia para transferir dólares em troca de dinheiro vivo no Brasil.

Na denúncia, o MPF inclui um e-mail de Sanches para Bozano em que conversam sobre uma conta pessoal do empresário, indicando que o acusado tinha “acesso completo” para movimentar dinheiro do bilionário.

“Na verdade, as operações descritas nesta peça conformam a ponta do iceberg de vasta e intensa operação criminosa no seio da organização por parte de Oswaldo”, escreveram os procuradores.

O MPF atribui a Sanches 187 operações entre maio de 2006 e maio de 2016 num total de R$ 29 milhões. Na maioria das vezes, o economista transferia dólares para contas indicadas pelos doleiros Vinicius Claret e Cláudio Barboza, e recebia dinheiro em espécie no escritório da Companhia Bozano, na zona sul do Rio de Janeiro.

O juiz Marcelo Bretas determinou no mês passado o bloqueio de R$ 59,7 milhões em contas vinculadas à companhia Bozano e outra três empresas ligadas a ela.

OUTRO LADO

O advogado Pedro Ivo Velloso, que defende a companhia Bozano, disse que “o senhor Julio Bozano jamais anuiu ou sequer teve conhecimento de supostas práticas de ilícitos na empresa”.

“O Sr. Oswaldo Prado Sanches foi diretor executivo do Grupo durante anos, responsável, dentre outras atribuições, pelo pagamento de tributos decorrentes de investimentos financeiros internacionais, conforme demonstrado no e-mail em questão”, afirmou o advogado.

Em depoimento ao Ministério Público Federal, Sanches permaneceu calado sobre as operações atribuídas a ele por Claret e Barboza.

A denúncia apresentada nesta quarta-feira (6) é feita com base na delação da dupla de funcionários do maior doleiro do país, Dario Messer e nos arquivos do sistema Bankdrop. Nele, os dois colaboradores reuniam informações de doleiros de todo o país que movimentaram cerca de US$ 1,6 bilhão (o equivalente a cerca de R$ 5,3 bilhões) entre 2011 e 2017, envolvendo mais de 3.000 offshores em 52 países.

A rede de doleiros em contato com a dupla permitia que os funcionários de Messer operassem tanto contas no exterior como fossem capazes de fornecer dinheiro vivo para corruptores interessados em pagar as quantias a agentes públicos. Concentrava, assim, as duas pontas da operação dólar-cabo, usada para despistar as autoridades financeiras do país.

Num complexo sistema de compensação, ele casava operações de “venda de dólares” com “compra de reais” de diferentes clientes. Assim, aquele interessado em transformar dólares depositados no exterior em dinheiro vivo no Brasil buscava Claret e Barboza, que buscavam em sua rede alguém que quisesse fazer a operação inversa. As duas pontas da operação, contudo, não sabiam uma da outra.

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