O deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) foi denunciado por violência doméstica, no dia 2 de abril, pela ex-mulher Ana Rachel Targino Queiroz Velloso Ribeiro, como revelou o colunista Lauro Jardim, do O Globo. A ex-companheira do parlamentar, que relata episódios de violência física, psicológica e patrimonial, chegou a solicitar à Justiça medidas protetivas contra ele.
Natural de Campina Grande, na Paraíba, Aguinaldo veio segundo matéria de André Zajdenweber, também do jornal O Globo, de uma família de políticos e era engenheiro antes de iniciar sua carreira no meio. Ele foi eleito para seu primeiro cargo em 2003, como deputado estadual. Oito anos depois, assumiu mandato na Câmara Federal, onde está até hoje.
O deputado é membro da bancada evangélica do Congresso. Fiel da Igreja de Batista, de João Pessoa (PB), ele propôs a liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço para financiar a construção de templos religiosos e para isentar “entidades religiosas” de pagarem a contribuição para a Previdência Social. Nenhuma das propostas foi aprovada.
Durante o governo da presidente Dilma Rousseff (PT), Aguinaldo foi, por pouco mais de dois anos, ministro das Cidades. No entanto, ele deixou a pasta em 2014, numa reforma na Esplanada promovida pela petista.
O ex-titular das Cidades teve papel contraditório durante o processo de impeachment de Dilma, sacramentado em 2016. Na comissão especial, ele foi contra o afastamento, mas, na votação em plenário, votou a favor. O parlamentar também tinha relação de proximidade com Eduardo Cunha, presidente da Câmara à época, mas os dois se afastaram quando Ribeiro votou a favor da cassação do mandato do aliado.
Já na gestão de Michel Temer (MDB), Aguinaldo foi indicado como líder do governo na Câmara. Ele e o ex-presidente eram aliados políticos. Não à toa, o deputado votou contra o processo em que se pedia abertura de investigação contra o então chefe do Planalto, em 2017.
Aguinaldo também foi o relator da Reforma Tributária, aprovada pela Câmara dos Deputado em dezembro de 2023. Atualmente, o tema está em fase de regulamentação por parte do Congresso.
Aguinaldo também já se viu envolvido em suspeitas de práticas ilícitas. Em 2012, o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, chegou a pedir que o nome do deputado fosse incluído no inquérito que investigava supostos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e formação de quadrilha nos processos da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
No mesmo ano, já como ministro das Cidades, o parlamentar foi acusado de utilizar parte da sua verba de gabinete para comprar reportagens favoráveis a ele produzidas por dois sites de notícias da Paraíba: “PB Agora” e “24 Horas PB”.
Denúncia
Na representação protocolada no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de João Pessoa, Ana Rachel acusa o ex-marido de violência física, psicológica, moral e patrimonial. Ela pede o seu enquadramento na Lei Maria da Penha. De acordo com o processo, eles ficaram casados por mais de 20 anos e têm duas filhas juntos.
Como mostrou a coluna de Lauro Jardim, no GLOBO, o Ministério Público da Paraíba apontou que, à primeira vista, a ex-mulher do deputado não apresentou documentos que comprovassem ter sofrido ameaças ou agressões físicas ou psicológicas de Aguinaldo.
Em nota publicada nas redes sociais, o parlamentar negou ter cometido qualquer ato de violência contra a ex-mulher. Aguinaldo afirma que, pela petição correr em segredo de Justiça, não tinha conhecimento do mesmo. Ele completou dizendo que “valoriza a integridade e o respeito nas relações familiares”.