O ex jornalista da Rede Globo Marcos Uchôa, conhecido especialmente pela sua atuação na área esportiva, é um dos candidatos milionários nas eleições de 2022. Segundo Rosália Vasconcelos, do UOL, ele chegou a declarar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) uma fortuna de R$ 2,2 milhões, dividida entre dois veículos no valor de R$ 100 mil e aplicações de renda fixa no valor de R$ 2 milhões. Apesar de ser um patrimônio de alto valor para a profissão, não é tão difícil atribuir a fortuna ao jornalista.
É que Marcos Uchôa – assim como outros nomes como Tino Marcos e Galvão Bueno – fazia parte do quadro de repórteres da emissora que ganhavam mais de R$ 130 mil por mês. Ele pediu demissão em novembro do ano passado, após 34 anos de gordas remunerações, quando houve algumas mudanças contratuais que resultaram na redução de salários de diversos profissionais – incluindo Faustão, por exemplo.
Esse, aliás, foi um dos motivos que fez Uchôa entrar para a política e querer disputar o cargo de deputado federal pelo Rio de Janeiro (PSB), onde nasceu, com a benção de Marcelo Freixo. Ao que tudo indica, o jornalista não queria ver sua fortuna minguar após sair da Globo. E a candidatura tem até um apelo pessoal.
Uchôa atribui ao presidente Jair Bolsonaro a proibição do modelo de contratação via pessoa jurídica para os funcionários com altos salários na Rede Globo. Ele chegou a verbalizar sua insatisfação diversas vezes em entrevistas, afirmando que se não fosse por esse motivo, talvez não estivesse entrado para a política (nem saído da Globo).
“No primeiro ano de governo, ele (Bolsonaro) foi em cima em termos trabalhistas, dizendo que isso não podia. A ideia de entrar para a política tem uma razão pessoal e uma social. A pessoal é fazer algo diferente. A social é um momento do Brasil. A gente precisa tirar o Bolsonaro. Se não fosse o Bolsonaro e a situação do país, eu não entraria para a política”, disse Marcos Uchôa em entrevista entrevista ao podcast Inteligência Ltda.
Essas mudanças impactaram diretamente na sua vida e na de seus colegas. Com a proibição, a empresa precisou demitir alguns cargos de altos salários e em outros, recontratou via CLT, mas com salários mais baixos e sem alguns benefícios de PJ, como o fato de não precisar bater ponto e conseguir conciliar com outros trabalhos, por exemplo. Foi o caso de Marcos Uchôa.
“A Globo tem menos dinheiro, também pela crise que o país enfrenta. Viaja-se bem menos na Globo hoje. Muitos jornalistas que estavam na emissora há tempos, como eu, foram demitidos. E eu precisava fazer algo novo. Já não me fazia brilhar os olhos mais uma Copa do Mundo – já cobri oito. Eu comecei a sentir que o Brasil é o lugar que mais precisa de atenção agora. O autoritarismo é um fenômeno mundial, mas nossa democracia é muito frágil. Recente. Está ameaçada”, disse o jornalista em outra entrevista.
Uma enciclopédia ambulante de hábitos discretos
Apesar de sua fortuna, o jornalista Marcos Uchôa sempre foi reconhecido por ser uma pessoa de hábitos discretos – até este ano, ele sequer tinha perfil em rede social – e de gostar de ler e estudar, o que o fez ganhar o apelido de “enciclopédia ambulante”.
Recentemente, ele abriu pela primeira vez as contas nas redes sociais com a finalidade de divulgar sua candidatura. No Instagram, por exemplo, onde já acumula 13,5 mil seguidores, sua primeira publicação foi do dia 1 de junho deste ano, uma foto com Pelé.
Mas também passou a estar bastante presente no Twitter, onde já acumula quase 90 mil seguidores e fala sobre assuntos relacionados à política e futebol.
A sua vida também sempre foi dedicada ao trabalho, à mulher e aos seus três filhos. Durante seus 38 anos trabalhando como repórter, acumulou uma experiência invejável. Cobriu oito Copas do Mundo, 10 Olimpíadas e foi correspondente internacional pela Rede Globo trabalhando em diversos países, inclusive fazendo cobertura de guerras, catástrofes e nomeação de Papas.
Nesse tempo, Uchôa viajou por 115 dos 193 países do planeta e fala sete idiomas – português, inglês, espanhol, francês, italiano, alemão e russo. Se eleito, sem dúvidas, será um dos deputados mais cultos que o país já teve.