Assessores e ex-assessores do ex-policial, youTuber e vereador Gabriel Monteiro (sem partido) acusam o político de assédio sexual e moral. As denúncias vieram à tona ontem em reportagem do “Fantástico”, da TV Globo, que exibiu os depoimentos de cinco pessoas que teriam sido vítimas do vereador: uma mulher que teria tido relações sexuais com ele, uma ex-funcionária e três servidores que foram ou são lotados no gabinete de Monteiro na Câmara Municipal.
O assessor parlamentar Mateus Souza contou que Monteiro o obrigava a “fazer carinhos”:
“Eu pedia pra parar e ele não parava (…) de mandar eu ficar fazendo carinho nele”, disse Souza.
Também assessor parlamentar, Heitor Monteiro fez relato semelhante. Ele disse que o vereador chegou a pedir carinho em suas partes íntimas: “Em todas as regiões do corpo (…) Já chegou a pedir também (na região genital)”.
Gabriel Monteiro foi o terceiro mais votado nas eleições de 2020, com mais de 60 mil votos. Na internet, tem 23 milhões de seguidores. Mas a popularidade que ganhou nas redes não é partilhada por seus colaboradores.
Ex-assistente de produção de Monteiro, Luiza Batista gravava vídeos para suas redes sociais e contou ao “Fantástico” que ele a abraçava por trás, dizia que a amava, beijava o seu rosto e andava nu:
“Uma vez foi no carro. Ele começou pedindo pra fazer massagem no meu pé (…) Eu tentava tirar o pé e ele segurava. Aí foi começando a passar a mão nas minhas pernas. Foi para o banco de trás e começou a me agarrar, me morder, me lamber”.
Após sete meses trabalhando para o vereador, Luísa disse que teve de procurar um psiquiatra.
“Toda vez ele ficava descendo a mão. Cansou de passar a mão na minha bunda. Eu segurando a mão dele. Queria tirar a minha vida (…) Eu me sentia culpada”.
Uma mulher que preferiu não se identificar afirmou ter tido relações sexuais com Monteiro. A princípio, consensuais. Mas que acabaram se tornando estupro, segundo ela.
“Teve um momento em que ele usou força. Ele me segurou e foi com tudo. Me deixou… sem saída”.
Monteiro também é acusado de manipular vídeos e explorar menores. O vereador também dava comida a crianças de rua e as orientava a dar depoimentos em vídeos.
“Nós temos ali várias violações ao Estatuto da Criança e do Adolescente e à Constituição Federal. Desrespeito aos direitos ao respeito, à imagem e à dignidade da criança”, afirmou o conselheiro tutelar Ariel de Castro Alves.
Ao “Fantástico”, o vereador negou as acusações de assédio. “É mais uma tentativa de acabar com Gabriel Monteiro”.
Sobre a criança que foi induzida a dar o depoimento, o vereador disse que ela “recebeu a maior vaquinha da vida dela”:
“Ela teve uma esperança, porque é muito fácil chegar aqui e jogar dez pedras contra mim e atingir o meu trabalho”.
O presidente da Câmara, Carlo Caiado, e o presidente do Conselho de Ética, Alexandre Isquierdo, ambos do Democratas, não deram entrevista. Em nota, o Conselho de Ética afirmou que tomou conhecimento dos fatos pela reportagem e que aguarda acesso ao material para decidir que providências serão tomadas.