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quinta-feira 2 de março de 2023 às 17:47h

Ex-diretor geral da PF deve ser indicado para o comando da Abin por ser de confiança de Lula

NOTÍCIAS, POLÍTICA


O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende indicar o ex-diretor-geral da Polícia Federal Luiz Fernando Correa como novo comandante da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O anúncio foi feito na manhã desta quinta-feira (2) pelo ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, e desagradou segundo Patrik Camporez , do O Globo, parte do corpo técnico da Abin, que, desde o período da transição, trabalhava para que o comando do órgão saísse das mãos de membros da Polícia Federal e voltasse a ficar sob a chefia um funcionário de carreira da agência. O mesmo já havia ocorrido no governo de Jair Bolsonaro, o que gerou diversos atritos entre o quadro técnico e a cúpula da agência, que estava tomada por policiais federais indicados pelo então diretor-geral Alexandre Ramagem, amigo da família presidencial. Na gestão de Ramagem, o órgão foi envolvido em polêmicas como o uso de agentes para monitorar um amigo do 04, Jair Renan Bolsonaro, e suspeitas de ajuda na defesa do senador Flávio Bolsonaro no caso das “rachadinhas”.

Luiz Fernando Correa é visto na Abin como uma indicação direta de Lula. Entre setembro de 2007 a janeiro de 2011, ele atuou como diretor-geral da PF na gestão do petista e, no governo Dilma, ocupou funções importantes na segurança nas Olimpíadas, por exemplo. Antes disso, de novembro de 2003 a setembro de 2007, foi secretário Nacional de Segurança Pública do governo Lula. Segundo o ministro da Casa Civil, Rui Costa, a quem a Abin passará agora ser subordinada, o presidente quer um nome de sua estrita confiança no comando do órgão e pediu a Correa que apresentasse um projeto de uma agência moderna de informação e que, nas palavras dele, cumpra seu papel vocacional no estatuto. Parte dos servidores da Abin, apesar das ressalvas, avalia que a indicação de Luiz Fernando guarda aspectos positivos, por ser um nome experiente e com trânsito político, que chega com o discurso de reestruturar e valorizar as carreiras da agência.

Por outro lado, a escolha de um nome da PF para comandar a agência não surpreendeu integrantes da Abin, uma vez que Lula já havia passado para a instituição sua segurança pessoal, antes a cargo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Servidores citam como um dos principais incômodos o fato de que, há 11 meses, desde a saída de Ramagem para concorrer às eleições, a Abin não tem um diretor-geral formalmente nomeado. Assim que o amigo da família Bolsonaro deixou a agência, em 31 de março do ano passado, assumiu em seu lugar Victor Felismino Carneiro, que é funcionário de carreira, mas exercia o posto de diretor-adjunto. No governo Lula, a Abin tem sido comandada por outro adjunto, o oficial de inteligência Saulo Moura da Cunha. Assim, o cargo de diretor-geral continua vago, o que seria mais um desprestígio dos dois governos para com a agência.

Os integrantes da Abin enxergam a nomeação de diretores-adjuntos como uma forma de deixar o cargo máximo da instituição “sempre na corda bamba”, aguardando sempre por uma oficialização ao posto mais alto que nunca chega. Foi o que aconteceu com Felismino e, mais recente, com Saulo. Para ser oficializado, o nome de Correa precisa passar pela aprovação da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado.

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