O ministro Fábio Faria (Comunicações) indicou ao Palácio do Planalto o nome do publicitário Glen Lopes Valente para assumir o comando da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), o conglomerado de comunicação do governo federal.
A informação foi confirmada à Folha por dois assessores da Casa Civil, segundo os quais o nome deve ser anunciado nos próximos dias. Segundo relatos de auxiliares palacianos, a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) já analisou o currículo do publicitário e autorizou a sua nomeação.
O novo presidente da companhia estatal comandou os departamentos comercial e de marketing do SBT e, atualmente, exerce o cargo de secretário de publicidade e promoção da Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social) da Presidência da República.
A solução interna foi adotada após não ter sido aprovada pela Casa Civil a indicação para a função do ex-diretor da Band José Emílio Ambrósio. Apesar de ele ter atuado em três emissoras televisivas, entre elas a Globo e a RedeTV!, ele foi impedido de ser nomeado por não ter diploma universitário na área.
A EBC é formada hoje por um canal televisivo, sete emissoras de rádio, uma agência e uma radioagência de notícias. No ano passado, o governo fundiu a grade de programação da TV Brasil e da TV NBR, em um esforço de redução dos custos da companhia.
A nomeação de um novo presidente faz parte de projeto de reformulação da empresa. Além da saída do general Luiz Carlos Pereira Gomes do comando da companhia, a ideia é a de que outros militares em postos de diretoria sejam trocados, como os coronéis Roni Baksys Pinto, diretor-geral, e Márcio Kazuaki, diretor de administração.
A indicação de Glen para o posto também tem como objetivo aproximar a EBC da Secom, comandada pelo empresário Fábio Wajngarten. Recentemente, as duas estruturas atuaram juntas para permitir a veiculação da serie D do Campeonato Brasileiro pelo conglomerado de comunicação.
A ideia é que a programação da TV Brasil dê mais destaque a atrações esportivas na nova gestão.
O ministro das Comunicações é genro do empresário Silvio Santos, dono do SBT. A sua chegada teve como objetivo melhorar a relação do presidente Jair Bolsonaro com as emissoras de televisão, inclusive com aquelas que ele considera desafetos de sua gestão, como a Globo.
Embora seja líder de audiência, a Globo, tida como inimiga por Bolsonaro, passou a ter fatia menor dos recursos na gestão do presidente. Record e SBT aumentaram expressivamente sua participação.
A EBC tem hoje mais de 1.800 funcionários e, no ano passado, teve uma despesa total de R$ 549 milhões, o que representou um déficit de R$ 87 milhões em relação às suas receitas próprias. Só com a folha de pagamento e encargos trabalhistas, o gasto foi de R$ 326 milhões.
A ideia discutida no governo é tentar diminuir a folha de pagamento, por meio de novos PDVs (Planos de Demissão Voluntária) e reduções de cargos comissionados, e vender parte da estrutura física.
O patrimônio em equipamentos foi avaliado no início do ano passado em cerca de R$ 70 milhões.