Ela se define conforme entrevista a RFI, como uma “guerreira” e quer “fazer barulho” no Palais Bourbon, sede da Assembleia Nacional, em Paris. Porta-voz de uma longa greve de camareiras em um hotel da capital francesa, Rachel Kéké foi eleita deputada no domingo (19) e pretende levar a voz dos trabalhadores “invisíveis” ao governo.
Aos 47 anos, a franco-marfinense obteve uma vaga de deputada na Assembleia Francesa pela coalizão de esquerda Nova União Popular Ecológica e Social (Nupes) em Val-de-Marne, a leste de Paris. Ela derrotou a ex-ministra do Esporte Roxana Maracineanu, da aliança governista Juntos.
A ativista da CGT ficou conhecida durante a greve de 22 meses das camareiras do hotel Ibis Batignolles, em Paris, entre 2019 e 2021, quando se mobilizou para melhorar os salários e as condições de trabalho das camareiras.
“É um trabalho que destrói o corpo. Há síndromes do túnel do carpo, tendinites, dores nas costas”, explicou durante a campanha, ainda lembrando das sensações, “como se tivesse sido chutada de todo lado”, após seu primeiro dia como faxineira, em 2003.
Mãe de cinco filhos, Rachel Kéké nasceu em 1974 na cidade de Abobo, a norte de Abidjan. A mãe era vendedora de roupas e pai motorista de ônibus. Ela chegou à França em 2000 e se naturalizou em 2015.
Assembleia longe da paridade homem-mulher
Rachel Kéké será minoria na nova Assembleia da França, que ainda está longe da paridade, com 37,26% de mulheres. Com 215 deputadas contra 224 eleitas em 2017, o congresso do país está um pouco menos feminino do que na legislatura anterior (38,8%), que marcada por um número recorde de mulheres na Assembleia Nacional. Em 2012 as eleitas eram apenas 155. Essa é a primeira vez em 35 anos que a quantidade de deputadas diminui na França.
É na aliança de direita LR/UDI que as mulheres são proporcionalmente as menos presentes (29,5%). Elas são mais numerosas no Nupes (43,6%), seguida pela aliança governista Juntos (40,4%) Já o percentual de deputadas é de 37,1% no partido de extrema direita Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen.