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terça-feira 24 de dezembro de 2019 às 17:41h

Evo Morales quer ter candidato para a Bolívia em meados de janeiro

MUNDO, POLÍTICA


Refugiado em Buenos Aires, o ex-presidente da Bolívia Evo Morales mantém uma agenda política intensa, recebendo visitas de seu país e apoiadores argentinos, enquanto prepara uma grande convocação partidária para meados de janeiro, que irá eleger o candidato à presidência para as eleições de 2020.

Durante entrevista exclusiva à AFP em um escritório emprestado no bairro de San Telmo, Morales lamentou o giro na política regional promovido pelo governo interino de Jeanine Añez, que considera “de facto”, e rejeitou a entrada de seu país no Grupo de Lima – por considerá-la “um retorno ao passado” – e a perda de identidade boliviana.

Como está vivendo esta fase política em Buenos Aires, onde se refugiou após a posse do presidente Alberto Fernández, em 10 de dezembro? Está em campanha?

Resposta: Estamos organizando reuniões, temos visitas. No próximo domingo, haverá uma assembleia em Buenos Aires, de onde iremos emitir uma convocação para eleger o candidato a presidente. A convocação calculo que será em 15 de janeiro. Será na Bolívia ou Argentina, vai ser um grande encontro. Na fronteira, há mais facilidades, mas também há uma questão de segurança.

Acredita que se o MAS vencer será respeitado o resultado das próximas eleições convocadas na Bolívia, ainda sem data?

R: Tem que haver uma missão internacional, órgãos internacionais, como o Centro Carter, um conselho de prêmios Nobel da Paz, o Papa Francisco, as Nações Unidas ou algum notável do mundo. Apesar de tanta difamação e perseguição, e ainda sem candidato, continuamos em primeiro nas pesquisas da direita, surpreende. Se o MAS vencer, terão que respeitar o reultado. Nós iremos respeitar.

Um mês e meio após a sua renúncia, e com tudo o que passou desde então, revê a decisão de ter se candidatado?

R: Ganhamos no primeiro turno, inclusive com a auditoria da Organização de Estados Americanos (OEA), os técnicos que estudaram o último relatório, onde observam 226 atas. Se esses votos tivessem ido para a direita, também teríamos ganho no primeiro turno. Grupos de estudiosos dos Estados Unidos, 98 personalidades de várias universidades do mundo pedem que a OEA se retrate e que seja investigada. Então não foi nenhum fracasso nossa participação. Mas com antecipação havia sido preparado um golpe de Estado.

Você diz que foi vítima de um golpe de Estado. A que o atribui?

R: Um golpe de Estado nacional e internacional. Fundamentalmente, foi um golpe contra duas coisas: que possamos ser uma alternativa, uma referência, libertando-nos das imposições do governo dos Estados Unidos. Os países industrializados não querem concorrência. Começamos a substituição das importações. E estou convencidíssimo de que é um golpe contra o lítio. Começamos a industrialização do lítio como Estado. Como um pequeno país de 10 milhões de habitantes, em pouco tempo ia definir o preço do lítio. Sabe-se que temos a maior reserva do mundo, com 16.000 km² de lítio.

O governo de Jeanine Añez decidiu que a Bolívia fosse incorporada ao Grupo de Lima.

R: Estar no Grupo de Lima é como estar na Área de Livre-Comércio das Américas (Alca), é estar submetido às políticas dos Estados Unidos, portanto, do FMI. É voltar ao passado na Bolívia, é perder nossa soberania e independência do Estado e perder a dignidade e identidade do povo boliviano. A região está em luta. Entendo que os Estados Unidos nos dividem e Luis Almagro e seu grupo de avaliadores são o melhor instrumento de dominação da América Latina e o Caribe. Ele merece um processo por ser responsável por tantos massacres e mortos na Bolívia.

O México protestou ontem ao denunciar que sua embaixada em La Paz está cercada por uma “presença excessiva” de agentes de segurança.

R: Isso é pior do que na ditadura militar, quando, pelo menos, havia salvo-condutos e respeito às embaixadas. Nosso protesto enérgico contra a forma de planejar a intervenção ou o amedrontamento, perseguição, cerco militar e paramilitar. Usar drones sobre a embaixada do México é uma agressão à diplomacia. (ndr: após o protesto, a vigilância foi relaxada nesta terça-feira)

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