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terça-feira 10 de dezembro de 2024 às 10:32h

Evangélicos se dividem em eleição de novo líder da bancada no Congresso

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Após semanas de discordância na Frente Parlamentar Evangélica sobre quem será o próximo presidente, o cenário será decidido nesta quarta-feira (11). Ao contrário de escolhas passadas, quando o consenso foi construído com antecedência, a bancada passa por um momento de divisão: de um lado o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) ganha força, com a conquista de mais apoios, mas enfrenta resistência por causa de sua proximidade com o governo federal. Esse grupo se organiza ao redor de Gilberto Nascimento (PSD-SP), que é apoiado pelo pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.

— Se tivermos que ir ao voto, vamos ao voto. Isso não quer dizer que estamos rachados, é legítimo — diz Otoni, que foi articulador junto aos evangélicos na campanha de Eduardo Paes, no Rio, e que se aproximou de Lula mesmo com o passado ligado ao bolsonarismo.

A frente escolhe um novo presidente a cada dois anos, usualmente na primeira semana de fevereiro. Neste ano, contudo, os líderes resolveram antecipar o anúncio de quem será o representante no biênio de 2025-2026. Até hoje, a bancada nunca colocou a decisão em votação e se orgulha de escolher nomes de consenso. Neste contexto, Otoni conquistou apoios considerados chaves, dos três principais caciques.

Em 2023, sem unanimidade, Otoni se retirou da corrida e um acordo de presidência alternada foi costurado entre Eli Borges (PL-TO) e Silas Câmara (Republicanos-AM). Por este motivo, ele tem ao seu lado os dois dirigentes, que representam posições internas distintas.

Mais governista, Silas Câmara é próximo de Cezinha de Madureira (PSD-SP), outra figura que está há anos na frente e tem importante interlocução nas decisões. Já Eli Borges é mais ideológico e próximo ao bolsonarismo, o que contribui para uma menor resistência de Otoni de Paula com esta ala.

A relação de Otoni com Lula é um ponto de incômodo para parte da bancada. No mês passado, o deputado representou a frente em reunião no Palácio do Planalto, na qual o presidente sancionou o Dia Nacional da Música Gospel. Na ocasião, Otoni se tornou alvo de críticas por fazer um discurso com afagos ao petista. Na eleição municipal do Rio, ao apoiar a reeleição de Paes, aliado de Lula, acabou irritando lideranças religiosas bolsonaristas.

Foi justamente por esses posicionamentos que Gilberto Nascimento foi alçado a se colocar para o posto. Delegado da Polícia Civil, Nascimento é respeitado na bancada e ganhou a benção de Malafaia, fundador da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e seu deputado representante, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). Ele corre para tentar dar fôlego à sua candidatura, que ainda não alavancou como esperado.

Busca de espaço

Uma nova alternância, como foi costurado nas eleições de 2023, é descartada por quase todos os integrantes, por entenderem que o modelo de trocas sucessivas prejudicou a frente a emplacar suas agendas.

A avaliação interna é de uma vitória de Otoni diminuiria a resistência do bloco perante ao governo federal. Desde que Lula assumiu a Presidência, articuladores defendem que um espaço seja aberto ao segmento protestante na Esplanada dos Ministérios. Apesar de ainda não ter qualquer convite formal, aliados de Otoni de Paula defendem esta ponte de diálogo com o governo, apesar de ressaltarem que isto não significa concordar com o Planalto.

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